O PODER DE DEUS
Era um lugar distante, sertão bravio, um ermo de Deus, a população era na sua maioria, pequenos sitiantes e arrendatários que viviam em harmonia com a natureza, o povo trabalhava unido, sempre um procurava ajudar o outro, através de mutirão, quando o serviço era bastante ou por troca de dias, mas sempre achavam uma forma de estar sendo solidário e assim iam levando a vida sempre na graça de Deus.
Embora diante de tal harmonia existia um grande fazendeiro, homem de posse e que dominava grande parte daquele território. Era um homem enérgico, um coronel que impunha seus ideais exercendo uma forte pressão sobre aquele povo humilde. A sua palavra se fazia lei através de seus capatazes e os seus empregados, quer meeiro, quer arrendatários, tinham que estar sempre a sua disposição e sob ameaças, o povo obedecia cegamente as suas ordens. Este coronel se declarava ateu, não acreditando em Deus todos poderoso chegando mesmo a afirmar ser ele o Deus do Povo. Era uma figura carismática e respeitada não pela benevolência mas pelo autoritarismo, e por mais contraditório que possa parecer, se apresentando como um carrasco, estava também sempre pronto a ajudar seus semelhantes. Alegava que não acreditava num Deus que promete uma vida futura mas no diabo, aquele que dá enquanto a pessoa esta a caminho neste mundo, acredita-se que procurando incentivar a população local e desenvolver este ideal, tenha criado esta imagem de pessoa má, sendo temido e respeitado por todos.
Na mesma região havia um viúva já de idade avançada mas que por desígnios divino, nunca tivera filhos e vivia sozinha em sua pequena propriedade rural e já pelo adiantado da idade, contavam com a ajuda dos vizinhos para cultivarem suas terras e dela retirarem o pão nosso de cada dia. Apesar de Deus não os haver abençoada com filhos, era muito religiosa a ponto de varias vezes tentar converter o fazendeiro, porem nunca teve êxito por conta do deboche do coronel.
Eram tempos eram difíceis aquele e todos estavam passando por sérias dificuldades, não fora um ano abençoado para os agricultores, no ano anterior a geada havia feito um estrago grande na lavoura e a seca levou a perca das culturas do ano. A ajuda que sempre fora dado a velha senhora, agora se tornara escassa e a noticia da dificuldade enfrentada pela anciã viúva chegou até aos ouvidos do coronel que pressentiu ser esta a oportunidade que tanto esperava, a chance provar a velha beata que Deus bondoso e misericordioso nunca existiu pois, se existisse ela não estaria passando por dificuldades visto a prova de lealdade que ela apresentava todos os dias através do testemunho de vida.
O fazendeiro mandou preparar uma boa quantidade de alimentos, tudo da melhor qualidade, contratou dois capatazes estranhos, desconhecidos de todos do bairro para não ser identificado e ordenou que levassem estes mantimentos na casa da anciã com a orientação que ao entregar alimentos a ela, induzissem a mulher perguntar quem havia enviado tamanho adjutório e eram para responder com todos as letras que fora o diabo em pessoas.
Ordens dadas, ordens cumpridas, os dois capatazes desconhecidos rumaram para casa da senhora e fizeram a entrega dos alimentos. A velhinha ficou muito feliz e apesar da boa conversa dos capatazes, em momento algum ela perguntou a origem da ajuda. Vendo que não conseguiam tirar dela esta pergunta, um deles adiantou:-
________ A Senhora não que saber de onde vieram estes alimentos?
A velha respondeu com muita humildade e convicção
_________ Não carece não, meus fio, eu sei que quando o Senhor meu Deus dá ordens até o diabo obedece.