ME CONSIDERO AINDA CARREIRO
Pendurei o meu laço e arreio
Deixei de tocar a boiada
A técnologia hoje mudo tanto
Que aquela boida no entanto
Viajam hoje engaiolada.
Hoje pra mim é só saudade
Daquelas estradas boiadeiras
Quando olho pro arreio e o laço
Sinto arrepio no braço
Por ainda estar cheios de poeiras.
Na sombra do pé de jacarandá
Descança calado o carro de boi
De quando menino eu carreava
E as suas marcas fundas ficava
Era um tempo bom que já se foi.
O meu pai foi um boiadeiro
E nessa lida eu cresci também
Mas meu tempo foi encurtado
Pela técnologia fui derrotado
Hoje, só a saudade me vem.
Hoje ainda manténho empoeirada
Pra mim a vida acabou
Meu transporte é um cavalo manso
No terreiro as galinhas e os gansos
No peito, só a saudade ficou.