A FESTA DE CASAMENTO

O pequeno patrimônio estava agitado, era os preparativos para o casamento da Adélia, filha do dono de uma loja de fazendas de lugarejo e a festa prometia, pois dado a popularidade do pai da noiva e como bom comerciante que era, o homem convidou praticamente todos os moradores do pequeno povoado e desde os bairro próximos até aqueles mais distantes do lugarejo.

Lá na Corredeira, um dos bairros mais afastados, perdidos nos cafundó, os moradores muito simples e humildes da roça, não foram esquecidos e ficaram num contentamento só pelo convite e como tal não poderiam deixar de comparecer ao ato o que seria até uma ofensa e desrespeito com o bondoso comerciante que merecia, por parte deles uma resposta digna com a presença na festança. O lugarejo era muito distante para irem com sua carroças, isto demoraria duas horas de viagem de ida e depois a volta, a noite seria penosa, por isso uniram forças entre os moradores para escolherem uma maneira de irem todos juntos ao famosos casório e devido a quantidade de pessoas a se deslocarem para a cidade no esperado dia, resolveram conversar com o Seu Abílio caminhoneiro conhecido por todos, o proprietário de um caminhão FENEME que apesar de ser um tanto desajeitado mas com alguns cuidados adaptado as circunstâncias, poderia acomodar com segurança as mulheres e as crianças, de tal maneira que todos poderiam ir a festa numa única leva e o Seu Abílio aceitou a proposta de buscá-los naqueles cafundó e e depois da festa, trazê-los de volta ao bairro.

No dia e horário marcado a pequena igreja ficou abarrotada de gente, todos querendo ver a noiva entrar e a celebração do casamento, inclusive as famílias do Bairro da Corredeira. O fotografo com sua equipe de profissionais que havia sido contratado pelo pai da noiva, tiravam uma foto atrás da outra procurando não perder nenhum lance. Como a noite estava calorenta, Seu Abílio, o motorista, nem chegou a entrar na igreja visto que no seu entender, casamentos era coisa corriqueira, acostumado que estava com a alta sociedade do lugarejo. De dentro da igreja cheia de gente, com muito cuidado, pedindo licença as pessoas e ora esbarrando em um, ora empurrando outros, um dos caboclos da corredeira sai para espairecer um pouco, pois não estava acostumado com grandes concentrações e vendo seu Abílio sentado solitário no banco da praça, vai até ele que puxando conversa interroga o camponês:

________ Muito calor na Igreja?

________ Abafado. Parece que vai chover.

E o rude homem do campo olha para o céu tentando enxergar algo e prejudicado pela iluminação publica da praça, coloca as mãos nas alturas dos olhos. Seu Abílio o interroga novamente

_______ Preocupado com o tempo?

_______ Qual o que, por um momento fiquei inté contente, pensei que ia chuve pois lá dentro da igreja é um relâmpio atrás do outro mas o céu ta todo istrelado e o tempo ta firme. Parece que num teremos chuva tão logo!.

Neste instante sai outro morador da corredeira, este mais prosa e se gabava por conhecer um pouco das novas tecnologias e regalias da cidade, todo preocupado vai logo comentando:

_______ Ah! Seu Abílio, oia, o padre Adorfo tem que providenciá, logo uma reforma nesta igreja, isto tá um perigo danado!

Seu Abílio não entendeu a preocupação do caboclo até que ele complementa:

_______ Ta dando curto circuiti por todo lado sô!

Só então Seu Abílio, homem acostumado com o trejeito caboclo percebeu a preocupação dos dois homens, visto que tanto os relâmpagos quanto os curtos circuitos relatados nada mais eram do que os Flashes das maquinas fotográficas que eles não conheciam.

Maciel de Lima
Enviado por Maciel de Lima em 04/05/2010
Código do texto: T2237381
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