A GANÂNCIA DO ZEQUINHA
Eram os bons tempos da roça, a tecnologia ainda não havia corrompido sertão e o Sertanejo vivia, uma vida auto sustentável. Verdade é que os caboclos daqueles tempos levavam a sua vida feliz, tirava da natureza o que carecia para se sustentar, as suas necessidades básicas eram supridas: alimento, moradia e vestimenta e de quebra as vezes, se o tempo ajudasse, até alguma mordomias inesperada com a venda do excedente de produção, que diga-se de passagem, não era muita coisa mas dava para comprar aquilo que a roça de bom grado, não oferecia.
Zequinha era um menino deste tempo, e como toda criança de sua idade, alem das tarefas levas da casa vivia fazendo estripulias pelos matos e planejando as suas caçadas e pescarias fantásticas. Sonhava um dia poder utilizar a majestosa Winchester do pai, mas devido ser ainda moleque, o pai não lhes permitia o uso da cartucheira e nem mesmo da “Rabo de Cutia”, cognome dado pelo sertanejo e velha espingarda feita pelos ferreiros da região e de carregar pela boca do cano. Assim não sobrava alternativa de caça a não ser o bodoque, o estilingue e de uma maneira acovardada, o laço ou a arapuca.
Foi-se a colheita do arroz e no batedouro, local onde o agricultor sovava a palha de arroz para separar os grãos, após a colheita, ali ficava restos de grão espalhados pelo chão ou na própria palha de arroz, um chamativo para a passarinhada que descobrindo comida farta, se reuniam, geralmente a tardinha, entre ao enorme monte de palha de arroz onde se alimentavam desta dádiva da natureza, auxiliado pelo trabalho humano. O observador Zequinha, menino esperto já idealizou fazer uma caçada daquelas que iriam entrar para historia. Hábil como era, fez uma arapuca grande, pois como as aves estavam bem cevadas, o propósito era armar a dita cuja na ceva do batedouro e com certeza pegaria numa só emborcada, um bom numero de aves.
De posse da arapuca, tendo furtado uns dois litros de grãos do grande caixão de madeira onde o pai guardará o arroz da colheita, parte para o gasto da família e o excedente para posteriores vendas, seguiu para a palhada, esparramou alguns grãos ao redor da armadilha, deixando maior parte debaixo da enorme arapuca. Amarrou um longo cipó que deixou ao alcance de suas mãos, ficando ele camuflado atrás do monte de palha de arroz e observando a chegada dos pássaros que era certa ao cair da tarde. Assim quando tivesse uma boa quantidade de pássaros na área de captura da arapuca, era só puxar o cipó, a arapuca desarmaria teria realizado uma caçada de primeira.
O Plano do pequeno caçador estava dando certo, não demorou muito a passarinhada foram chegando quase todos de uma vez, as codornas, os nhambus, um bando de juriti e ate alguns jacus, ave mais arisca. A área de abrangência da armadilha estava repleta, era só puxar o cipó, porem uma belo pássaro chamou a atenção do Zequinha, era um Jacu macho com certeza, que chegou e que rodeava, rodeava a arapuca e nada de entrar, parecia desconfiado. O menino paciencioso resolveu esperar pois estava encantado por aquela bela ave, demorou alguns minutos e quando o formoso pássaro ameaçou caminhar para o lado da arapuca, Zequinha estava prestes a finalizar seu intento, os sentidos aguçado das aves perceberam no mesmo instante a presença de perigo, eram dois gaviões carcará que surgira derrepente se aproximando do local, numa revoada os passarinhos debandaram de vez fugindo do predador, deixando a ceva fazia e o pobre caçador desapontado.