GORDO DE NASCENÇA
Era meio da semana, o dia estava chuvoso e lá dentro da venda estavam reunidos os fregueses mais assíduos, não para as compras rotineiras mas com o intuito apenas de prosear, momento de trocarem informações e saber até mesmo da vida alheias do pequeno povoado. Devido a chuva fina, a rua estava quase que deserta, vez por outra alguém passava de guarda chuva aberto eis que entre poucos transeuntes, passou o Zé Gordo, filho do Totonho da Sinhana, conhecido contador de anedotas da cidade e um mentiroso nato.
Zé Gordo era o apelido do rapaz, pois de uma estatura mediana, pesava lá seus cento e cinqüenta quilos, o rapaz não andava, se arrastava pelas ruas da cidade, era um obeso mórbido. Um do fregueses que ali estava ao observar a passagem do jovem, comentou indicando com um sinal de cabeça, para o rapaz
________ Gente do céu! Onde este rapaz vai parar com esta banha toda? Totonho deveria tomar alguma providencia isso não é normal.
É a mania que o caboclo tem de se preocupar com as coisas que às vezes não lhes diz respeito, mas era afinal de contas a opinião do homem e com certeza dos demais ali presentes ou não. O Zé Gordo estava realmente muito acima do peso ideal e isso não era normal para uma pessoa da sua idade, devendo ter lá seus vinte a vinte e cinco anos.
O Comerciante, dono da venda, tomando parte da palavra comentou que o Totonho havia dito em certa ocasião que isso era normal para o Zé, pois desde nenenzinho já nascera gordo, não podia fazer nada, era da sua natureza e que até a parteira admirou quando pesou o danado, nasceu com quinze quilos,
Um dos homens ainda comentou
_______ Esta é mais uma do Totonho!
Todos caíram na gargalhada quando subitamente o Totonho entra no estabelecimento. Todos se calam e o loroteiro cumprimentam a todos, pede uma dose da branquinha e brinca:
________ Uuuééé! Estavam falando mal de mim, mas não importa, é como sempre digo, bem ou mal, importante é que falem de mim.
O astuto vendeiro, enquanto vira as costa para o freguês indo em direção as garrafas de aguardente sobre a pia de mármore do boteco, rindo comenta.
________ Não Totonho, não estávamos falando mal de você. Vimos o Zé Gordo passar agorinha mesmo na rua e estávamos comentando de sua gordura então contei pra eles que você disse um dia que ele nasceu com quinze quilos. Não é verdade?
O Homem que acomoda no banco do balcão, responde seriamente curto e grosso:
________ Tá doido home, com quinze quilos não! Conte a história direito.
O vendeiro embora acostumado com as piegas do freguês, ficou um tanto sem graça com a resposta e todos começaram a rir de sua trapalhada quando Totonho após virar o lavrado de cachaça goela abaixo complementa:
________ Zé é gordo de nascença, nasceu com quinze quilos e Oitocentas cinqüenta e três Gramas!
Os presentes balançaram a cabeça negativamente. O que fazer com o danado do Totonho.