Espírito de Porco

Chico estava desempregado há vários dias, o dinheiro da sua última indenização já havia acabado, os seus filhos choravam de fome, o homem estava desesperado sem saber o que fazer. Vai até o fundo do quintal da sua casa, acende um cigarro e fica a pensar, quando escuta o ronco de um bacorinho (porco pequeno) o homem levanta-se como impulsionado por uma mola e corre em direção ao animal, agarrando-o pelas orelhas. Pelo menos naquele dia os seus filhos teriam o que comer.

Chico com o bacorinho debaixo do braço chama o filho mais velho, lhe ordena que vá até a cidade tentar vender o leitão, acertado o preço da venda o garoto parte em direção a cidade..

O menino com o pequeno porco dentro de um saco, chega a periferia da cidade, uma casa bonita e bem cuidada chama a sua atenção; o garoto se dirige até o portão, toca na cigarra a aguarda um pouco, torna a tocar, ninguém lá de dentro atendia, o garoto então resolve ir até o terraço, bate palmas para ser atendido, novamente ninguém atende ao seu chamado, o garoto vê que a porta de entrada estava aberta, então resolve entrar, antes de penetrar na sala passou a gritar:

- Oh de casa ! – Oh de casa ! E ninguém atendia

O garoto resolve entrar de casa adentro sempre com o porco embaixo do braço, passa pela sala de visitas rumo ao interior da casa, de vez em quando ele falava baixinho:

- Oh de casa ! - Oh de casa ! Sempre caminhando

Quando o garoto menos espera estava em frente a porta dó quarto do casal, a porta estava apenas escorada, o garoto empurra-a e se depara com um casal em cima da cama naquele “bem bom”. O casal pego de surpresa fica assustado e rapidamente se mete por baixo do lençol, o garoto com os olhos arregalados com o porco debaixo do braço pergunta:

- “Seu Zé” quer comprar um bacorinho ?

- Eu quero lá comprar danado de bacorinho menino, vai embora !

- Eu vendo baratinho “Seu Zé” !

- Vai embora menino, antes que eu te dê uns cascudos !

- É só cinqüenta homé !

Nisto o casal passa a escutar um barulho vindo da sala de visitas, a mulher nervosa grita:

- É O MEU MARIDO !

A mulher pega o parceiro e o menino os coloca dentro do guarda-roupas; nisto o marido entra de quarto a dentro, ele estava a procura da sua carteira de motorista. Enquanto isto dentro do guarda-roupas o garoto propõe ao homem:

- “Seu Zé” compre o porco !

- Eu já lhe falei que não quero comprar porco ! Disse o homem quase

sussurrando para não ser ouvido pelo marido.

- Se o senhor não comprar o porco eu puxo a rabo dele !

- Quanto é o porco seu pestinha ?

- Cem !

O homem estava com as calças arriadas no meio das pernas, com muita dificuldade tenta pegar a sua carteira, depois de muita ginástica, consegue pegar o dinheiro e entrega ao menino.

- Tome o porco “seu Zé´”

- Pode ficar com essa droga, eu não quero porco !

Enquanto isto o marido continuava procurando a carteira dentro do quarto. O garoto com o porco debaixo do braço começa a cutucar o homem com o cotovelo

- E agora, o que é que você quer seu “bosta” ?

- “Seu Zé” quer comprar o porco ?

- Eu já lhe comprei o porco seu cretino !

- OXENTE, e como o porco ta debaixo do meu braço ? - Se o senhor

não comprar eu puxo a rabo dele !

- Quanto é o porco ?

- Duzentos !

Novamente o homem repete a ginástica anterior e pegas os duzentos reais entregando ao garoto. - Enquanto isto o marido encontra os documentos que estava procurando e vai embora. - A mulher retira os dois de dentro do guarda-roupas.

O garoto chega em casa com o porco em baixo do braço e mais os trezentos reais que ganhara do homem. Sua mãe intrigada, deseja saber como ele conseguiu o dinheiro sem se desfazer do porco. - O garoto relata o ocorrido. Como a sua mãe era muito católica achou que aquilo era um roubo e levou o garoto até a igreja para se confessar.

Os dois chegam ma igreja, o garoto levava o porco debaixo do braço. O menino entra na fila do confessionário, quando chega a sua vez, ele aproxima-se, e. . .

- VOCÊ NOVAMENTE COM ESTE PORCO SEU “PESTINHA” ? ? ? Gritou

a padre de dentro do confessionário. . .