CRIME NO LITORAL

CRIME NO LITORAL

(Theo Padilha)

Guaraqueçaba, pequeno paraíso incrustado no litoral norte do Estado do Paraná. Quatro horas de barco o separa da bela cidade de Paranaguá. Terra de gente honesta e hospitaleira. Rodeada por belas ilhas. Das Peças, Rasa, do Mel e cercada pela serra do Mar.

Ali reside um casal de idosos, João e Maria, pois eles ainda estão vivos e com muita saúde. Donos de um lindo sobrado, com ampla visão para o oceano Atlântico. Fica bem no centro da cidade.

Iara, uma das filhas desse casal, casada com Antonio, um pescador, que lhe deu todo o conforto no início. Mas depois deixou muito a desejar. Professora municipal, Iara muito ajudava o marido. Eles tinham um filho que não seguiu os bons costumes da família da mãe.

Bruno, logo cedo começou a beber. A bebida é comum naquele lugar. E junto com o pai e outros pescadores, quase sempre se embriagava e consumia todas as espécies de droga que os traficantes dali lhe ofereciam.

Há poucos anos, Bruno ficou endividado com os traficantes e ameaçou os pais com um revólver para lhe dar dinheiro. Seu pai chegou a tomar o seu revólver e o agrediu. Bruno pegou a arma e voltou para a rua. E sabia que o avô tinha dinheiro no cofre. Não saia da casa dos avôs, sempre ele conseguia ali pequenos furtos. Foi assim que arquitetou um vergonhoso plano. Numa noite resolve realizar um assalto na casa de João e Maria, seus avós. Só que não sabia que naquela noite seus pais estavam ali escondidos com medo do filho, já um perigoso marginal.

Bruno colocou um capuz, pegou a arma e foi levar avante seu intento. Eram dez horas da noite. Ele sabia muito bem entrar naquela casa. Depois de pular uma janela, correu para a sala onde todos assistiam novela. Bruno muda a voz e grita:

— Todos quietos! Eu sei que esse velhinho tem dinheiro e quero todo o seu dinheiro, senão eu mato um por um de vocês!

— Espera aí moço, não faça nada que lhe daremos o dinheiro! – disse Antonio tentando ganhar tempo.

Bruno tremia com uma Toyota. A falta de droga no sangue era a culpada por essa tremedeira. Mas Antonio, que era o pai de Bruno, não se conteve e pulou na frente do velhinho quando o rapaz ameaçou atirar, mas este desferiu um tiro certeiro no coração do pai. E todos correram para o quarto que ficava em frente. Depois de uma gritaria e choro, arrependido o ladrão fugiu, descendo as escadas e alcançando a rua. Enquanto Iara ligava para o hospital pedindo socorro que demorou a chegar. Infelizmente, Antonio chegou morto no hospital.

Na polícia ela acabou contando que fora o filho, o autor do crime. Qualquer mãe conheceria o tênis e as roupas do filho, que não contava com esse detalhe, quando fez o assalto. Hoje Iara o visita na prisão em uma cidade do litoral. Se ela o perdoou? Não se sabe. É uma resposta, que está escondida nos abismos da alma humana.

Joaquim Távora, 10 de março de 2010.

Theo Padilha
Enviado por Theo Padilha em 11/03/2010
Reeditado em 12/03/2010
Código do texto: T2132987
Classificação de conteúdo: seguro