Operação Zebra

Naquela semana eu fora promovido a “cabo” do Exercito Brasileiro. Aquela promoção para um jovem de 19 anos era o máximo. Agora estava doido para “Mostrar Serviço”. Acontece que naquela época Campina Grande era uma cidade pequena e quase nada de anormal acontecia. O único jeito era me conformar e aguardar uma oportunidade para demonstrar as minhas habilidades. - Numa sexta-feira da semana seguinte a minha promoção, eu fora escalado de serviço. No exercito “Antiguidade é Posto” e como o meu número era o mais baixo dos quatro cabos escalados para o serviço, logicamente fui indicado para ser o comandante da patrulha daquele dia. Havíamos acabado de almoçar, estávamos no alojamento, quando de repente a corneta passou a tocar, convocando a patrulha para se reunir na sala do “Oficial de Dia”. Juntei o pessoal da patrulha e saímos marchando em acelerado atendendo o chamado. - O oficial me chama e reservadamente informa que, minutos antes havia recebido uma telefonema do Diretor do Colégio Estadual da Prata. Aflito, aquele diretor pedia a colaboração do 7º B.E. “Sétimo Batalhão de Engenharia”, para ajudar a prender um tarado que, nas últimas semanas estava deixando em pavorosa as alunas daquele educandário. - Fomos levados para uma sala de instrução, ali foi montada uma verdadeira operação de guerra, que levou o nome de “Operação Zebra”. Depois de mais de duas horas de preleções ministradas por um capitão; estávamos prontos para enfrentar até os “Comandos de Saddan Hussein”, quanto mais o “tarado do estadual”. Ninguém precisa ser soldado ou general para conhecer a primeira regra de uma operação militar: “Manter em sigilo absoluto os planos da operação, sob pena de entregar de bandeja um trunfo ao inimigo”. As duas partes sabiam perfeitamente como proceder. As alunas do Estadual da Prata pelo seu diretor, os soldados da patrulha naquela reunião. - As 17h00 uma viatura nos deixa nas proximidades do colégio. Naquela época o “Gigantão da Prata” quase não tinha vizinhos, apenas o castelo abandonado de propriedade do Sr. Raimundo Viana (atualmente residência do industrial Paulo Cisne) e alguns campinhos de pelada em sua volta, o restante era um matagal só. - Espalhei os soldados em pontos estratégicos, escondidos por trás das moitas e ficamos a espera do anoitecer. - As 17h30 as alunas começaram a chegar para assistirem as primeiras aulas que começavam a partir das 18h00. As estudantes sabendo da nossa presença ali, caminhavam tranqüilas em direção ao colégio. - De repente aconteceu. Fiz sinal para os soldados pedindo o máximo de atenção e silencio. A qualquer minuto o inimigo (no caso o tarado) estaria na área do conflito. - Os soldados estavam tão tensos que não moviam um só músculo. Estávamos naquela expectativa , quando aparece um sujeito vestido com uma capa de chuva, daquelas usadas pelo artista de cinema “Bogart” no filme “Casa Blanca”. O sujeito andava tranquilamente, tão tranqüilo que, chegava a assoviar, vai andando até chegar em baixo de um poste de iluminação pública, em seguida entra no mato fugindo da claridade que vinha do poste. Minutos após um grupo de alunas se aproximam do local onde o sujeito havia entrado no mato. Quando as moças chegaram junto ao poste, o tarado deixa o seu esconderijo e caminha em direção as garotas, quando estava bem abaixo do poste, abre a capa, mostrando para as meninas alguma coisa que, do ponto em que me encontrava não deu para identificar, mas deveria ser exatamente o que vocês estão pensando.; As garotas com aquela aparição, gritam apavoradas e correm em direção ao colégio. - Achei que havia chegado a hora, me levanto pego o apito e. . .

- Prriiiiiiiiiii

O soldados deixam as suas posições e correm formando um circulo em torno do tarado. Este quando viu os soldados correndo em sua direção, tentou correr, mas, já era tarde. O pau cantou na medida grande, e,. . .

- SOCORRO! Chamem a policia! Eu sou inocente! Eu quero Mamãeeee! - Gritava o tarado.

Naquela agonia o tarado não teve tempo de se recompor. Agora mais calmo fazia o possível para mostrar a todos uma aparência de anjo. - Quando me aproximei do tarado a minha primeira providência foi abrir a sua capa para ver o que “danado”tanto assustava as meninas do Estadual. O gato estava escondido, mas, deixara o rabo de fora. . .