Fábula

Estava ele ali, o jovem homem, sentado num canto da ramada em frente a sua casa, pensava na sorte que o destino lhe reservara e esperava pelo tempo.

E o tempo passou por ele e ele nem viu quando foi que o tempo passou.

Quando se deu conta novamente, era ele um homem maduro, sentado sob a mesma ramada a espera do tempo, enquanto pensava em como a vida poderia ser diferente se ele não tivesse ali sentado por tanto tempo.

E o tempo já desaparecia pelas encostas das matas muito a frente do seu tempo, e o homem nem teve tempo para vê-lo.

E continuou sentado na mesma curva da vida, à espera de um movimento do planeta que o tirasse do lugar, já não tinha mais os anos que correram a sua frente para brincar com a vida, enquanto ele, pobre velho sem forças, esperava sentado que o tempo passado lhe viesse buscar.

Mas o tempo nem o viu dessa vez que passou, tão às pressas em busca de novas aventuras que o velho, em sua senilidade achou que o tempo parou de passar.

Hoje o tempo vem acompanhado, uma bela dona ao seu lado, num clarão que há tempos não se via.

Ficou feliz o moribundo em perceber que ainda havia o tempo, depois de tanto tempo perdido, esboça um sorriso oco com sua boca vazia.

Porém a acompanhante do tempo se adianta em dar a notícia, de que todo o tempo jogado fora... Fazia falta agora que o seu tempo acabou.

Agora toda vez que o tempo passa por aqui, dá um tempo para ouvir o lamento da sombra que chora a dor de ter desperdiçado o seu tempo e nem mesmo por um momento ter vivido o seu tempo.