A desilusão do bancário
Damião nascera e se criara em Barra de Santa Rosa - PB. - Vivia da roça e do trabalho, jamais saíra da sua terra natal, a não ser uma única vez para ir até Remígio – PB, para fazer um “mandado” do pai.. - Certa vez os moradores da cidade organizarão uma excursão para passar um final de semana na praia, mais precisamente na praia de Tambaú, na capital do Estado. - Contrataram um ônibus e passaram a vender as passagens com os moradores do lugar, entre os passageiros se encontrava o nosso Damião. - O ônibus partiu ainda escuro de Barra de Santa Rosa e por volta das 8h00 já se encontrava estacionado a sombra de uma gameleira a beira mar. - Quando Damião viu o mar pela primeira vez, ficou encantado com aquele “mundel” d’agua, e chegou a pensar:
- O caba dono dessa barragé só pode ser muito rico !
Damião já viajara vestido com o calção de banho por baixo da roupa, guarda a mesma no interior do ônibus, põe uns trocados no bolso do calção e se manda para a beira mar. Quando viu as primeiras moças vestidas de biquíni, quase que o seu coração sai pela boca, ele não acreditava no que estava vendo, e pensou:
- Maí cuma é que pode, homé, umas moças de famía, quase semi despida na frente de todo mundo !
A vontade de Damião de ver as moças de biquini era bem maior que seu ato de censura, portanto resolveu escolheu um lugar para melhor observa-las. - Depois de matutar por alguns instantes, chegou a conclusão que o melhor local seria junto de um carrinho que vendia sorvetes ali na praia.
Lá por volta do meio dia, Damião já estava com a cara ardida de tanto apanhar sol, então, resolveu tomar um picolé. - Quando ia se aproximando do carrinho, uma garota de uns 15 anos fez a mesma coisa. A menina comprou um sorvete e deu uma nota de R$ 50,00 ao picolezeiro. Este ao receber o dinheiro, olha para a menina, e. . .
- Moça infelizmente não tenho troco para R$ 50,00.
A garota já havia aberto a embalagem do sorvete e ficou naquela duvida. - Damião ao ver aquela situação, se aproxima e,. . .
- Pode levar o sorvete moça, eu pago !
A garota agradeceu e afastou-se sentando-se a beira mar alguns metros a frente. Damião aproveita da oportunidade e vai até onde a moça estava, senta-se na areia ao seu lado e passa a conversar. - Depois de alguns minutos de papo, os dois já se entendiam como velhos conhecidos. - Quando a garota foi embora, convidou o Damião a almoçar na sua casa. Damião consegue com o picolezeiro um pedaço de papel anotando o endereço da moça.
Damião com o endereço na mão, chega a casa da garota. - Quando viu o porte da casa, pensou com os seus botões:
- Oxente, esse endereço só pode ta errado ! Nun ta vendo que aquela menina num mora num casão desse !
Damião já ia se retirando, mas, a vontade de rever a garota falou mais alto. Ele retorna até o portão tocando na cigarra. Segundo após o pesado portão abre-se e dele surge um sujeito forte e mal encarado. Com um jeitão de “leão de chácara” encara Damião, e. . .
- Diga ! Arguma coisa ?
- É aqui que mora Sileni ? Perguntou Damião encabulado
- É ! E daí ?
_ É porque ela me convidou para aimoçar aqui !
- Vô vê se ela tá ! Falou o “leão” trancando o portão
Segundos depois o empregado retorna, abre o portão, e. . .
- Pode entrar !
Damião acompanhado pelo empregado é levado para uma grande sala ricamente decorada, lá um segundo empregado manda Damião sentar-se numa poltrona, e ficam os três ali. Damião na poltrona e os dois “brutamontes” de pé, um de cada lado. Nisto surge do interior da casa um terceiro empregado, este fardado, se aproxima do Damião, e. . .
- O senhor deseja tomar alguma coisa ? Whisky, licor, vinho, café um suco ?
- Eu tomo quarque coisa ! Falou Damião
Trouxeram um whisky para o Damião, ele passou a beber e nada da moça aparecer. - Já estava na hora do almoço, então convidaram Damião para ir até a sala de jantar. Os membros da família estavam todos presentes sentados a mesa. Damião sentou-se e o mordomo passou a lhe servir a refeição. - Quando iniciaram o almoço Damião ficou um tanto sem jeito, ele jamais havia se servido de talheres, só sabia comer de colher, então, agarra no braço do mordomo, e. . .
- Ei véi, será que nun dá pra me arranja uma culé ?
A colher foi trazida pelo mordomo, Damião passou a se servir, com o cotovelo do braço esquerdo apoiado na mesa. Os membros da família riam baixinho da maneira de Damião se servir. Este foi ficando nervoso, ao ponto de errar a boca, sujando a mesma com o molho da carne. Damião ao limpar a boca em vês de utilizar o guardanapo o fez na manga da camisa. O dono da casa sentado a cabeceira da mesa observava toda movimentação. Durante o almoço mandou servir mais algumas taças de vinho ao Damião. Quando o almoço terminou, o pessoal da casa retirou-se então o pai da moça olha para o Damião, e. . .
- Moço, por favor, sente-se aqui ao meu lado, precisamos conversar !
Damião encabulado e já puxando fogo, atende ao pedido, sentando-se ao lado do dono da casa.
- Olhe meu rapaz, minha filha tem apenas 15 anos, você é o seu primeiro namorado ! Eu preciso saber alguma coisa a seu respeito ! Falou o pai da moça
- Olhe “seu” doutor, não é namoro não ! É só uma amizade ! Atalhou Damião
- Tubo bem meu rapaz ! E em que você trabalha meu filho ?
- No “BANCO” Doutor !
- Muito bem, bela profissão para um jovem ! E o que você faz no banco ?
- Bem, eu. . .eu, vendo: Arupemba, gréia, ratoeira, chucáio, borracha de balieira, bassoura, esteira, balaio, eu vendo tudo !
Quando o dono da casa escutou aquele rosário de mercadorias, ficou P da vida e esbravejando gritou para os seguranças:
- Ponham este safado para fora da minha casa ! E se você voltar aqui eu mando os cachorros lhe pegar. . .