Por Medida de Precaução

Foi a maior festa de casamento já realizada na cidade de Araripina - PE. - Tudo que era político da velha UDN se encontrava presente. - Do Vice-presidente da República ao suplente de vereador, não faltou ninguém. - Pra mais de 50 bois foram transformados em churrasco, bebidas, nem se fala, perderam até a conta. - Até a Orquestra de Bené Nunes fora contratada para tocar animando a festa do casamento. - Foram três dias e três noites de festa. – Verdadeiramente foi uma festa de arromba. - O noivo não cabia em se de tanta felicidade, também poderá, a noiva era um pedaço de mal caminho, como diria o “Mestre” Jorge Amado no seu livro “Tocaia Grande” (morena dengosa, peito de rola e bunda arredondada), na flor dos seus vinte e um anos. - O noivo um jovem senhor, no vigor dos seus 81 anos, chamado Raimundo, ou melhor, Major Raimundo, major reformado da Policia Militar de Pernambuco, conhecido por todos como o “Barba Azul do Sertão”. - Um mês após mo casamento, certa manhã chega a casa grande da fazenda o velho Teodomiro, antigo vaqueiro e agora administrador da fazenda. - Teodomiro deixa o cavalo a sombra de um juazeiro e vai até o alpendre da casa, bate palmas e é atendido pessoalmente pelo major Raimundo, e. . .

- Bom dia Major !

- Bom dia Teodomiro ! Alguma novidade?

- Tenho Major ! Quero lhe comunicar que hoje pela manhã encontrei três animais

mortos no pasto !

- De que os bichos morreram ?

- Ainda não sei Major, mas, posso lhe afirmar que não foi de cobra nem de

“tingui” !

A partir daquele dia, diariamente Teodomiro vinha a fazenda participar ao Major a morte de mais animais. - Desde que aconteceu a primeira morte já somavam mais de trinta. Major Raimundo começou a ficar preocupado. Naquele dia ele telefonou para Ouricuri – PE e pede a um veterinário seu amigo, para vir até a fazenda examinar o rebanho. - O veterinário chega a fazenda e acompanhado pelo administrador, vão até um pasto próxima para examinar uma carcaça de um animar morto naquela manhã. - Depois de examinar a carcaça por mais de uma hora o veterinário retorna a fazenda, e. . .

- Major Raimundo, sou veterinário há mais de vinte anos, jamais tive um caso igual a este da sua fazenda ! Verdadeiramente não sei explicar a causa mortis dos seus animais ! Mesmo assim , ainda hoje remeterei parte das vísceras do animal, para ser examinada no Laboratório da Universidade Rural de Pernambuco.

Uma semana depois, chega do resultado do exame. - Nem mesmo a Universidade Rural de Pernambuco, conseguira detectar a causa mortis dos animais. - O Major Raimundo com a noticia ficou preocupado, pois a cada dia morria mais animais.

Na hora do almoço o Major Raimundo comentava com a mulher a morte dos animais, quando se aproxima da mesa a velha Inácia, antiga cozinheira da fazenda. A velha escutando o que o major falava, se aproxima, e. . .

- O Major dá licença ?

- Pois não Inácia, pode falar !

- Majó, prú que o sinhô num manda chama um “Pai de Santo” lá das bandas da

Baia ?

- Boa idéia Inácia, acho que vou fazer isto !

No dia seguinte o major Raimundo manda uma camionete até a cidade de Alagoinha – BA., a procura do tal “Pai de Santo”

No outro dia chega a camionete trazendo o “Macumbeiro”. O major acompanhado da mulher foi recebe-lo ainda no pátio da fazenda. – Quando homem desse do carro, antes mesmo de cumprimentar o major, a primeira coisa que fez, foi dá uma olhadela para o belo trazeiro da sua mulher. - O major não gostou nem um pouco daquele olhar pidão do “Pai de Santo”, mesmo assim, convidou-o à entrar. - Foram para o escritório da fazenda, o major explicou o que estava acontecendo. - O “Pai de Santo” retira de uma maleta os seus instrumentos de trabalho e inicia o trabalho. - Depois de consultar os “Búzios” o “Pai de Santo” dirige a palavra ao major:

- Majó, os “buzo” tão dizendo que o causo da morte dos bicho é a sua mulé !

- Você ta ficando doido homem ! Questionou o major

- Não sinhô, é a sua mulé mermo ! Tenho de faze o trabaio já, senão morre tudim !

- E como será este trabalho “Mestre” ?

- Eu tenho de fica trancado num quarto, eu e sua mulé, pra mode faze o trabáio !

- HÁ NÃO ! EU TAMBÉM VOU JUNTO ! Tenho de ver o que você vai fazer com

a minha mulher !

- Só pode ser noí dois junto ! Falou categórico o “Macunbeiro”

Depois de muito relutar o major terminou concordando com a idéia. - O “Pai de Santo” entra no quarto com a mulher do major e este desesperado fica do lado de fora do quarto, com o ouvido colado a porta para escutar o que estava acontecendo. - O “Pai de Santo”! faz um circulo de pólvora no chão, toca fogo, então começa os trabalhos:

- METÍ O PÁU NO CANGOTE ! - Sarvei um lote de Garrote !

- Meti o pau na costela ! - Sarvei as vaca amarela !

- Meti o pau na viria ! Sarvei um bando de nuvia

O major com o ouvido colado a porta estava desesperado. - Ele não estava gostando nem um pouco de ver a sua mulher trancada num quarto com aquele estranho atrevido, e. . . Passou a gritar do lado de fora do quarto:

- MESTRE ! OH MESTRE ! Quando chegar a vez de salvar os bois ZEBÚ e as vacas PRETA, não tenha pena, pode deixar que todos morram ! Não deixe escapar um só ! ! !

. ..,

O Major ficou com medo da rima. . .