A Promessa da Viúva
A Promessa da Viúva
“Caboclo Ferreira” mesmo com toda a sua truculência, desabusado e analfabeto, era um sujeito honesto e respeitador, principalmente, respeitador. Quando alguém necessitava dos seus serviços a qualquer hora do dia ou da noite, ele estava pronto para servir. Era ele quem fazia os mandados e até algumas “empreitadas” para os ricos fazendeiros da região. Era ele quem acompanhava as “moças donzelas” filhas dos fazendeiros em pequenas viagens ali por perto, e aí daquele que ousasse soltar uma gracinha à moça sob sua guarda. - Certo dia depois do almoço “Caboclo Ferreira” estava deitado em baixo de uma latada, quando chega uma pessoa a sua procura, era Zé Venâncio, vaqueiro de D. Veriana, viúva de um fazendeiro lá das bandas de Monteiro – PB. O vaqueiro amarra o cavalo junto a um monturo da casa e se aproxima de “Caboclo Ferreira”, e. . .
- Bom dia “Caboclo Ferreira” eu vim inté aqui de parte de D. Veriana lá de Monteiro, ela quer que o sinhô vá até a sua fazenda, prú mode trata uma viagem prú Juazeiro - CE. !
- É pra já, vô selar o burro prá nói seguir viagem !
Ao final da tarde os dois homens chegam a fazenda de D. Veriana. Zé Venâncio vai até o alpendre da casa grande e apresenta “Caboclo Ferreira” à viúva.
- D. Veriana aí ta o home !
- “Caboclo Ferreira” eu mandei lhe chamar para o senhor me acompanhar numa viagem até o Juazeiro !
- Apois não dona, quando nói viaja ?
- Amanhã cedinho, só que vamos fazer esta viagem a pé !
- Mai logo a pé dona ? A senhora sabe quantas léguas dá daqui prú Juazeiro ?
- Não me interessa a quantidade de léguas “Caboclo” eu fiz uma promessa e tenho de cumpri-la !
Ainda escuro “Caboclo Ferreira” já havia posto a carga num jumento, que levaria as bagagens da viagem. Depois de tomarem um café reforçado, os dois metem o pé na estrada em direção ao Juazeiro. - D Veriana caminhava na frente e a poucos metros atrás, Caboclo Ferreira” seguia os seus passos puxando o jumento. Ele levava atravessada nas costas uma espingarda “suvaqueira” de cano longo, para a proteção da viúva e abater alguma caça durante a longa viagem. Eles viajavam em média, dez horas por dia, quando o sol esquentava aproveitavam para almoçar a sombra dos juazeiros que encontravam pelo caminho. Quando estava prestes a anoitecer procuravam uma fazenda para pernoitar. - Era época de inverno, todos os rios da região estavam com água, certa manhã ao se aproximarem do vilarejo de Aparecida.já bem perto da cidade de Sousa – PB.,, tiveram de atravessar um riacho, a água dava no meio da cintura de uma pessoa, a viúva não se fez de rogada e segue em frente na tentativa de chegar ao outro lado do riacho. A medida que D. Veriana caminhava riacho a dentro, o mesmo ia ficando mais fundo, sua saia comprida boiava sobre as águas, quando ela chegou a outra margem, sem maiores explicações a saia ficara presa no seu cinto, acontece que D. Veriana estava “desprevenida” deixando a mostra a sua “tuberosidade calipigia” (para os menos informados, esta palavra complicada, significa bunda). - “Caboclo Ferreira” que caminhava logo atrás da viúva, quando viu todo aquele material na sua frente, ficou sem fôlego e tão encabulado que não tinha onde esconder a cara, ele passou a caminhar olhando para os lados, as vezes para o alto, outras vezes fechava os olhos para não olhar o trazeiro de D. Veriana. - Daquela forma caminharam até a entrada de Aparecida. Quando D. Veriana passava por um homem este lhe olhava com espanto, as mulheres por sua vez, catucavam umas as outras apontando em direção da viúva, soltando risadinhas nervosas e maliciosas. D. Veriana começou a ficar desconfiada, se aproximou de “Caboclo Ferreira”, e. . .
- O que esta acontecendo comigo “Caboclo Ferreira” ? Por onde eu passo o povo olha em minha direção como eu fosse um mico de circo !
- Sei não Dona, pra mim ta tudo dereito !
Quando os dois iam passando no centro do vilarejo, uma senhora vendo aquela situação vexatória da viúva, corre em sua direção e cochicha no seu ouvido. D. Veriana fica vermelha como um tomate e instivamente se recompõe, estão com
um ódio estampado no rosto, vira-se em direção a “Caboclo Ferreira” e grita:
- “SAFADO” como é que você me viu andando de bunda de fora e não me disse nada ? ? ?
- Oxente Dona, tenha caima, eu pensei. . .
- Pensou o que “Seu Safado” ?
- Eu pensei Dona, que aquilo fizesse parte da sua promessa ! ! !