A corrida de jegues



Em uma cidadezinha do interior, um grupo de comerciantes decidiu promover uma corrida de jegues, para alegrar os tristes domingos de cidades, onde a diversão era apenas colocar cadeiras no passeio, conversar bobagens e falar da vida alheia (para as mulheres) ou então, para os homens, fazer o mesmo que se faz todos os dias: ir ao único bar da cidade onde havia uma mesa de bilhar, encher a cara da "branquinha" e voltar para casa de pileque, quando a esposa já esgotou o assunto na porta de casa e entrou para dormir.
Nessa cidade a água potável era distribuída nas portas das casas por homens que iam a diferentes cacimbas, encher barricas que penduravam em cada lado dos jegues que possuíam. Bem, os jegues escolhidos para a corrida foram: o jegue do "seu" Bento, o jegue de Nhô Nardo, o jegue de um rapaz apelidado de Pinta Roxa e o jegue do "seu" Nastácio.

Campo de futebol, Domingo, 4 horas da tarde. O patrocinador, proprietário do armazém mais sortido do lugar, sobe em um caixão de madeira e dita os regulamentos.
Jegues alinhados, preparados para correr. Um tiro de espingarda e foi dada a largada. O que aconteceu? Cada jegue sai em disparada, um para o norte, outro para o sul, um para o leste, outro para o oeste, em direção das cacimbas, ponto que eles (os jegues) sabiam de cor. Resultado: na "carreira" que deram, sem freio que resolvesse, lá iam eles embalados e esbaforidos. Ao esbarrar na beira da cacimba, um estanque brusco e PUM!! Lá estavam os cavaleiros com traseiro para cima e rosto enfiado na água. As famílias aguardavam o vencedor no campo, furiosas pela diversão que foi "ladeira a baixo" com jegues e respectivos donos.