O cantor Daniel Limoeiro!

O cantor Daniel Limoeiro!

Joaquim Távora, nunca vai esquecer o nosso amigo que aqui viveu. O Daniel Bastos da Silva. Ele veio aqui morar já com alguns anos nas costas, digo de maior idade. Vieram da roça junto com o seu pai e mais duas irmãs. Ele era o caçula. Rapaz muito trabalhador, por isso, logo arrumou serviço de ferreiro na firma “Irmãos Ovçar”, da família Ovçar, que fabricavam carroças. Rapaz muito e bem educado, não lhe foi difícil arranjar certa quantidade de amigos na cidade. Como gostava de cantar, logo aprendeu tocar violão. E se tornou um grande violeiro. Assim que saiu da empresa de carroças, logo comprou um bar onde começou uma vida de empresário. Ele teve muitos bares. Vendia um abria outro. A sua freguesia era nômade e ia onde o cantor estava. Vendo que na vida alguma coisa lhe faltava, não teve vergonha - como muitos tem – de reiniciar os estudos. E com a sua persistência na vontade de vencer, não lhe foi difícil passar pelas duas escolas e se formar técnico em contabilidade, pelo Colégio Miguel Dias. Era um dos alunos mais velhos da sala. E com o seu carisma só aumentou seus vínculos de amizade. Como hoje, o seu bar na praça era o ponto de encontro dos jovens.

Daniel chegou a formar uma dupla com um amigo. E a dupla chamava-se: Limoeiro e Chico Bento. Chegaram até ficarem amigos de Canário & Passarinho, famosa dupla. Um deles convidou muitas vezes o Daniel para cantar. Com Chico Bento, cantaram juntos muito tempo. Pena que o seu amigo começou a beber, a ponto de terminar a dupla.

Daniel já estava com 40 anos Depois de algumas namoradas foi apresentado para uma moça da cidade de Ribeirão Claro-PR. Ela era bonita. Estudava medicina. Estava no primeiro ano, Cida, que resolve deixar os estudos e se casar com o cantor. Desse casamento nasceu uma filha. Viveram felizes por muito tempo.

Mesmo casado Daniel não deixou de fazer serenatas e cantar. Algumas vezes ela o acompanhava. Havia um amigo da família que morava em Ribeirão Claro e quando reunia os amigos, corriam para o bar do Daniel. Como ele reclamava muito do movimento, quando esses rapazes fazendeiros o arrastavam para as cantorias, chegavam a fazer uma “vaquinha” e amarrar na porta do bar um punhado de dinheiro para que não chorasse e os acompanhasse na farra. Ele foi candidato a vereador e foi muito bem votado, mas não eleito. E abrilhantava seus comícios tocando músicas. “O boiadeiro errante” era a sua abertura!

Daniel tinha muitos “bordões”, tais como: “...marchar de four é muito mais good!”, para seu professor de Inglês, no desfile da escola. Fora de época ele dizia: “...Feliz Natal”!

Ele imitava o excelente professor Agnel. “...vou passar um probleminha para vocês, mas eu sei que vocês não sabem fazer!” E coçava os olhos como aquele professor fazia. Eram só risadas.

Certa vez Daniel resolve ir embora para Curitiba, onde o perdemos de vista.

Fala-se que trabalhava num escritório de contabilidade. Que estava separado da família e sofria do coração. E um dia foi encontrado morto na rua. Até hoje não sabemos a verdade. Mas era um grande e inesquecível amigo. Quantas saudades!

Theo Padilha

Joaquim Távora, 25 de agosto de 2009

Theo Padilha
Enviado por Theo Padilha em 25/08/2009
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