Minha amiga joaninha
Cá estava eu curtindo a minha fossa particular de uma noite de sábado solitário sem nada pra fazer, pensando no que faria no domingo, além de dormir até mais tarde, lógico. Tendo diversos convites recusados por minhas amigas e pensando em meu coração já há muito adormecido, mas que por uma fração de segundos sentiu vida e o sangue pulsar por ele novamente quando eu conheci uma pessoa que considero especial, pensamentos à parte.
Eu, solitária, pensando no meu coração que fora partido mais uma vez, e dessa vez pela pessoa especial, quando de repente, no meio da madrugada, uma joaninha vermelha pousa em meu dedo. O contraste de suas cores, vermelha com pintas pretas, em minha pele pálida foi mais ainda realçada, mesmo no meio do breu da noite em frente à tela que não dorme.
Dizem que joaninha traz sorte e se pousar na gente não devemos tirá-la, pois seria como se estivesse mandando a sorte embora, eu não sou muito supersticiosa e também não acredito em muitas coisas nesse sentido, mas pelo sim e pelo não a deixei ficar caminhando entre meus dedos. Ela acabou voando para a tela do computador e por ali ficou passeando. Não sei se foi o efeito do álcool ou da própria solidão que me fez ir implicar com o pobre inseto!
E lá estava eu, com meus enormes e finos dedos brancos, como os de um cadáver, criando obstáculos e barreiras para a pobre joaninha. Ela voltou para minha mão, a mão esquerda precisamente, onde pousou pela primeira vez que apareceu em minha madrugada, e ali ficou estática, achei que tivesse matado a pobre, mas não, cutuquei até fazê-la se mover de novo, e então ela voou novamente, indo pousar em outra parte do computador, ficou caminhando pelo meu teclado que não se cala nem sequer por um milésimo de segundo, ainda mais durante à noite. Depois de um tempo sumiu, achei que a tivesse esmagado com o mouse, levantei-o para ver se o corpinho do bicho ali se encontrava, mas nada... Continuei meus afazeres pela conexão, então notei um leve movimento em frente aos meus olhos atentos com pupilas dilatadas, quem aparece novamente na tela? Sim, o pequeno inseto, e por ali ela ainda desfila bem feliz, acho que resolveu me fazer companhia nessa noite de sábado perdida. Minha nova amiga a joaninha. Pode ser loucura da minha cabeça, ou como eu disse anteriormente, efeito do álcool, mas me pergunto, será ela uma leitora de meus escritos rabiscados com um pouco de esmero? Não sei, mas ela continua ali, caminhando de um lado para outro, e vez ou outra pára no meio da tela e me olha fixamente! Espero que seja verdade, e que a joaninha me traga sorte, pena que ela não saiba conversar, teria sido a companheira perfeita nessa noite!