MINHA PEQUENA ESTAÇÃO...
NOSSA PEQUENA ESTAÇÃO...
Suas mangueiras ainda estão firmes enfeitando o pequeno quintal. Junto com os pés de limão, laranja, ameixa e outras plantas. A velha estação está ainda de pé.
Que pena que o tempo tenha passado tão rápido. Suas velhas e vermelhas tábuas de peroba continuam firmes. Querendo contar a sua história. Sua pequena plataforma, agora, no passado achava que era tão grande. Onde era comum o tavorense ir esperar os parentes no trem noturno. Quantas despedidas amargas, quantos regressos felizes. Disse certa vez um poeta: “Triste é o trem que parte, levando aquele que não quer ir embora!” Temos saudade do misto, do lastro que carregava ferroviários. Do apito das primeiras máquinas Diesel.
Meu pai foi ferroviário. Nesta estação, era guarda-chaves. E morávamos bem pertinho da caixa d’ água. Meu irmão tinha sido telegrafista, passando depois a chefe de estação. Na época de meu irmão, um trem de carga recebeu ordem de partida e era noite. Alguém passou pela chave e a movimentou com sentido ao triângulo, onde os trens usavam para virar suas marias-fumaças. O trem que saíra embalado da estação entrou por aquele desvio e caiu sobre uma oficina de móveis. Foi muita sorte de não ter saído ninguém ferido. Partiu a oficina no meio. Só danos materiais.
Aconteceu também outro caso muito triste. Um ferroviário muito conhecido na linha, chamado Tomé. Que gostava de tomar o trem já em velocidade para fazer bonito para a platéia. Daquela vez ele errou o passo e caiu entre a plataforma e a composição do trem. Foi arrastado por 100 metros. E o trem parou sobre as suas pernas. Ele estava agonizando. O pessoal não sabia se tocava o trem ou não. Ele não resistiu aos ferimentos e morreu ali naquele dia de domingo. Havia um parque ali perto e uma grande multidão pode ver o fim do pobre Tomé.
A estação ainda está lá dando o seu testemunho. Deixando saudades, esperando que um dia o trem volte a circular. Trazendo o progresso.
Theo Padilha, 8 de agosto de 2008