Tenho saudade do tempo em que éramos irmãs.
Maceió, 17 de maio de 2009.
Karla, minha irmã.
Tenho saudade do tempo em que éramos irmãs. Em que cantávamos no carro e que você me escutava.
Tenho saudade do tempo em que ainda a solidão não era assim tão imensa e que esse abismo infinito não havia ainda se aberto entre nós.
Tenho sim. Tenho saudade do tempo em que mesmo sabendo que éramos tão diferentes a gente se respeitava e se amava como iguais.
Agora você partiu.
Eu não sei mais quem você é, e é bem capaz de você ter esquecido quem eu sou.
A verdade é que não somos mais. Nada mais somos. Nem amigas, nem irmãs. Apenas estranhas dividindo o mundo. Apenas estranhas que não são mais.
E eu que te amava tanto, tenho no meu coração uma grande cicatriz mal costurada que lhe dá, ainda mais, um aspecto feio de Frankstein.
Longe se vão os dias em que dividíamos a vida e o destino.
A vida e os sofrimentos da vida lhe fizeram ir embora e eu, por incapacidade, talvez não soube como dizer que você ficasse. O que sei é que eu mesma não estou mais aqui, eu mesma não me disponho mais a acreditar que um dia, você vai segurar a minha mão e me consolar na morte ou na vida.
Tenho saudade de nós.
E não tenho esperança no "um-dia-talvez-quem-sabe", não vou mentir. Não tenho.
Acredito, sinceramente, que esse é um adeus, pra nunca mais.