CARTA À MINHA MÃE

Existe uma mulher como tantas outras, como eu mesma. Seus defeitos conheço-os, mas não me detenho em nomeá-los: não importam.

Suas virtudes conheço-as de sobejo e avivo-as a cada instante, para que deem fruto em meus filhos.

Como ela é? É bela, amável, prazerosa, enérgica e versátil.

Mas, não é disso que quero falar: há um ponto somente que a faz muito especial: A CAPACIDADE DE OUVIR!

Diga a ela seus anseios, diga a ela suas tristezas, seus sofrimentos: ela ouve e só responde se queremos resposta. Ela sabe escutar sem peias, sem rodeios, sem restrições e preconceitos: Ela ouve!

Eu digo a ela quanto me magoa, quanto me perturba: ela cala, mas não chora (suas lágrimas poderiam estancar minha confissão!). Eu digo a ela quanto amo, quanto sou feliz, ela sorri.

Eu sei que sofre, quando sofro.

Eu sei que sorri, quando estou feliz.

E por isso, por esse “élan” que existe entre nós, ela me faz muita falta!

Ela deveria viver perto de mim (ou eu perto dela), porque ela sabe de antemão, sem mesmo ser preciso falar, do que me vai à alma.

Contudo, mora tão longe!!!

A vida é tão curta!!!

E nós estamos tão longe, minha mãe!!!

Essa mulher que sabe ouvir é a senhora!

Abençoada seja!

Saudades,

Rachel

Campinas, 22 de Maio de 1978

Este também é um Dia da minha mãe.

Rachel dos Santos Dias
Enviado por Rachel dos Santos Dias em 30/03/2008
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