UMA NOITE PAULISTANA.

 

 

Imaruí, SC 14 de abril de 2002

 

 

Pedro e Bernadete,

 

 

 

A primeira finalidade da presente correspondência é agradecer de todo o meu coração, a boa acolhida de que fui alvo, quando estive na casa de vocês na cidade de Santo André.

Vocês são ótimos!

A segunda finalidade é a de pretensiosamente estreitar essa amizade, pois pessoas como vocês, a gente deve cultivar para o resto de nossas vidas.

A acolhida de que desfrutei me proporcionou momentos indizíveis e, assim sendo, quero e desejo cultivar esse sentimento, esperando ser permanente entre nós.

Pedro e Bê, vocês são duas criaturas estimáveis, tudo em vocês transpira simpatia, carisma e um sentido de benquerença de valor imenso e inominável.

Eu me senti muito bem na casa de vocês, principalmente no dia da festa (churrasco) do Pedro.

Todos que ali estavam foram de uma simpatia contagiante, aliás, um sentimento nunca por mim sentido.

Queira estender os meus abraços ao Pietro, um moço politicamente correto e bem informado, entretanto, um tanto quanto mercantilizado, talvez pela sua própria atividade, mas indubitavelmente um italiano de boa cepa.

É desejo meu também estender a minha admiração ao Mário, que, pela sua postura introspectiva e seu “modus vivendi”, calado, ponderado, literalmente do alto da sua majestade, inspira sabedoria e cautela.

Virtudes essas inerentes em um sábio, talvez tenha sido ele um padre ou um erudito em vidas passadas.

Sua performance é de um verdadeiro reverendo. Um abraço nos dois, Pietro e Mário.

Agora, quero contar para vocês uma novidade, é que na festa estava uma pessoa que me fascinou de sobremaneira.

Assim que cheguei à noite, devidamente acompanhado, fui alvo de um olhar que me magnetizou de súbito.

Tive a impressão que o olhar dela estava contido em éter, e que me transpassou como um raio ultravioleta pondo em alerta a minha alma.

Aquele olhar me desequilibrou por completo, foi como algo volátil partindo dos seus olhos, transfixiando-me por inteiro.

Não sei o seu nome, não sei de quem se trata, pois não me apresentaram, mas se ela um dia chegar a ler esta correspondência, saberá que é dela de que falo. Tenho a certeza disso.

No final da festa ela se aproximou de mim para se despedir, foi uma graça.

A sua mão era tão leve como a névoa que se evola dos campos pelas manhãs.

O perfume da sua mão ficou impregnado na minha, guardo-o carinhosamente em lembranças infindas.

Eu sei que daqui para frente, ela sobrevoará os meus poemas e não fugirá de mim, pois ficará encerrada em meus arquivos, aos quais eu os chamo de: ”meu sepulcro de amores e emoções”.

Ah, não posso me esquecer do Raimundo e da Ideci.

Ele, um rapaz formidável e bom para a gente ter como amigo, e ela uma morena de cor abrasileirada, simpática e de sorriso amigável.

Pena que não deu tempo de conhecer a todos, mas me pareceram pessoas boníssimas, com as quais eu iria me dar muito bem.

Sinto por ter sido de poucos dias a minha visita, pois nem sequer cheguei a conhecer a musa da noite, uma mulher nova, uma graça de menina, evidentemente itálica, com os olhos cheios de éter que me sensibilizaram.

Procurem descobri-la! Eis o mistério!

Queiram transmitir à Elizete o meu abraço carinhoso, para ela também estou mandando correspondência especial.

Quero ser sempre rodeado por vocês como amigos.

Espero que o desejo seja recíproco.

Um abraço deste amigo que vocês fizeram.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 20/03/2008
Código do texto: T909146