AMAR SE APRENDE AMANDO.

 

 

 

Imaruí, SC, 22 de fevereiro de 2008

 

 

 

 

Querida Loirinha,

 

 

 

 

Do longínquo horizonte se desprende uma gaivota solitária, pois eu a vejo adejando suavemente sobre o mar na linha desse mesmo horizonte.

Por um instante, eu te imagino nela voando pacificamente em minha direção, por certo, vinda lá dos lados do Bonja.

Simples ilusão, porque agora se avizinha um crepúsculo colorido, prenunciando o atracar da noite, e assim, chega-me uma saudade profunda cheia de ventos e beijos.

À noite povoa-me uma tristeza, sinto-me só como as estrelas que à distância me expiam, novamente penso ver-te nelas.

Sou profundamente triste com estes olhos cansados, sem o teu sorriso e o carinho suave das tuas mãos lindas, macias e brancas.

Na hora aprazada, após a habitual leitura e uma breve prece eu tento adormecer, mas o meu corpo sente a necessidade do teu, pois a tua ausência é um desconforto.

Mantenho os meus pensamentos em ti e caio silente como criança manhosa, num soluço abafado implorando pelo teu cheiro de mulher.

Enfim, adormeço e o meu espírito voa para ti.

Amanhece!

A tua lembrança gostosa me persegue e a minha alma se acorda úmida de saudades.

Novamente a realidade me assusta, pois tenho de me conformar com a tua ausência, desta forma, eu fico exilado em mim mesmo sem a tua presença linda, magnífica e desejável.

Eu sou assim mesmo, me pareço muito triste, pois ainda pouco vim dos teus braços, e eu que te beijei tantas vezes debaixo deste mesmo céu, no nosso quartinho de amor.

Então eu me pergunto: Será que ela ainda é minha assim como foi ontem?

Eu a quero. Será que ela irá sempre me querer?

Quero crer que nos queremos.

Agora, quando estou a te escrever dentro dessa noite vazia, atrás do meu computador tu estás postada numa fotografia numa expressão de indizível ternura.  

E, num olhar pensativo e um desejo incoercível, vão-se os meus perdidos beijos.

Por isso minha linda, eu acredito que o amor já nos pertence.

Acho também que isso não é uma obra do acaso, acredito sim, que já estávamos predestinados neste mundo inexplicável e inescrutável do nosso Deus?

Acredito que essa doação de sentimentos, a doação de nós mesmos, é uma troca de benquerença pulsando em nossas almas, e que essas mesmas almas, foram saciadas em nossos corpos ávidos um pelo outro.

A minha alma interpolou-se sobre a tua, uma doce e inominável sobreposição que, dignificou os nossos espíritos em júbilo.

Quero te amar sempre, isso é uma necessidade minha, pois  tu me preenches com vida nova, tudo em ti me fascina.

Olhar para a tua fotografia e me fixar em teus olhos verdes é um devaneio, tenho saudades do teu lindo corpo e da tua fragrância íntima de mulher.

 Nessa noite, mesmo premido por esse silêncio, eu sonho te beijar para sentir o teu hálito quente de mulher, e assim, saborear o frescor de uma uva sazonada que existe em teus lábios onde repousa o prelúdio da sedução.

Tu és o poema que eu ainda não havia sonhado, desculpa-me querida, mas tu és o meu poema maduro, fruta cobiçada, e assim, vou te colher em cada verso que faço, satisfazendo todos os meus sonhos e desejos ocultos.

Minha doce fruta, o teu sabor é o da uva rosa, um cacho afrodisíaco que eroticamente colherei em teu corpo imenso, satisfazendo-me e, ao mesmo tempo, levando-te à loucura do prazer com um ritual de carinhos plenos a caminho de um orgasmo múltiplo e interminável.

A ti, minha querida, eu desejo que o futuro seja breve, e que abraçados num só corpo, eu possa, um dia, beijar os teus lindos olhos mergulhados em lágrimas de alegria e prazer.

Um beijo em tuas verdes lágrimas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 22/02/2008
Reeditado em 22/02/2008
Código do texto: T870165