CARTA A PRADO, ADÉLIA

Sigo cumprindo a sina e flamejando esta bandeira!

Não é mesmo um cargo muito pesado para mulher?

Nossa cabeça pende sempre ao ombro prendido

E quão pesaroso sentimos este assento...

E assim, revelando vou o peso que pensa

Nas linhas desvirginadas da vida, não sendo

Escolha minha gritar... Rápido foi meu arbítrio

E das mãos melodicamente atadas me abstive

Deitando-as numa calçada cinzenta de infância.

Na minha lembrança, rostos abafados também por gritos

Em comum abafados, medrosos em permitir à face ver-se,

Nalgum espelho neutro deste reino magistrado

Por sonos retrocedentes e longos demais, fundos demais...

Que assentavam no vão incabimento das contas

(no colar que se partiu)

Exemplo de cousas não-emendáveis, como também

A saudade das abdominais em risos que, deveras,

Enrijeceram a face triste de meus últimos anos

Forasteiros, um sanatório acessório que me angustiava.

Despreocupada padeço no olhar viscoso dessa pedra

Pedra redonda que rolando rolou por cima de tudo

Esmagando a bela passagem daquele brilhante sustenido

Protegei-me dessa pedra novamente... Oh anima de mim mesma

Mas se ela tiver de vir, que venha, eu a amparo.

Kadja Ravena
Enviado por Kadja Ravena em 27/01/2008
Reeditado em 13/06/2011
Código do texto: T835501
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.