Carta do meu aniversário.
Querido(a)(e)(l)(g)(b)(t)(q)(u)(i)(+),
Quem quer que seja que parou para ler,
O que ainda há para ser dito?
Os amigos se foram.
As festas se foram.
Nada me restou para usar como recordação.
E se sobrou, não me lembro donde guardei.
Deve estar sobre o guarda-roupas.
Ou talvez na mala.
De que serve a mala quando não se está em viagem?
Aproveitando a solidão.
Por que não parar aqui?
Desço os olhos para o vazio.
Não, não o peito!
Para um vazio não visto.
Para um vazio amargo.
Para um vazio simples que dói.
Só vazio.
Quem tocará o violão?
Escanteram-no por ser brega.
A bateria ganhou mais palco.
Pancadaria. Barulho demais.
Bati no candelabro ao apagar a vela.
E eu ainda devo apagar as luzes, suponho.
Assoprando?
Como se apaga um incêndio com vento?
Não seria mais certeiro cuspir contra um furacão em chamas?
Uma fênix renascendo ao ar livre.
Um relâmpago em meio às nuvens pesadas.
O ar entra pela janela com liberdade.
Quem o aprisionaria?
A chuva empurra a fumaça para baixo.
Cheiro de fósforo. Não, enxofre. Não, carvão!
O churrasco estava bom.
O assador entendia de brasa.
Meu tio fumou a vida toda.
Tabagismo?
Ansiedade?
Isso ainda tem diferença?
Morreu nos parabéns.
Ninguém sabia do enfisema.
O aniversário mais estranho que se poderia imaginar. E olha lá!
Mas me fala de você, quais as suas novidades?
De seu sempre amigo,
Eu,
O azarado.