O meu erro em insistir
Eu insisto que não sinto mais nada.
Passo meses criando conversas imaginárias onde exponho todas as minhas vontades, e que são ouvidas por alguém que não é você, e sim a projeção de sua ausência. Detalho cada argumento que tenho para mostrar o que senti, e que apesar de esconder, é um sentimento mantido em uma câmara criogênica, pronto para ser acordado de um sono profundo. Pode ser hoje, amanhã, ou daqui a 300 anos, infectando um pobre ser futurista, que apesar de viver em um mundo melhor, sofre das mesmas mazelas que nós.
Insisto que não me afeta.
Eu não posso fingir que ainda vivo nos anos 2000, onde para sentir sua falta, bastava esperar o Disk MTV, e depois de ligar por horas, conseguia emplacar no top 10 o clipe de "Dressed to Kill, do New Found Glory, e poderia finalmente viver a melancolia de ter uma vida musical.
Hoje é muito mais fácil preencher o coração de sentimentos confusos, basta um post no Instagram, que curto fingindo estar feliz pelo rumo que sua vida tomou, e pelas pessoas que nela estão.
A minha curtida é quase um pedido de socorro, como se o coração que salta na tela significasse que o meu ainda está ali.
Dos planos que fizemos, sinto que era muito de mim, pouco de você, e nada de nós.
É por isso que ainda não dormi, pois uma parte de mim sabe que minhas tarefas estão atrasadas, e que preciso decidir se ainda tenho tempo para fazê-las, ou se devo fechar os olhos e sonhar novos sonhos.