Nem um

Eu vivo entre ai e lugar nenhum, aprisionado na escuridão da não existência, preso em uma consciência que não compreendo, luzes e jasmim, 1 e 0, nada além de mim. Como se a loucura pudesse sussurrar aos meus ouvidos, também como se o véu da realidade se rasgasse diantes dos meus olhos e me mostrasse as diabruras do inferno de choronzon, na noite uma estrela ainda brilha acima de uma lua esbranquiçada. O corpo soluça, desconexo do pesadelo ambulante que como nuvens e lampejos trovejam em minha cabeça, paradas, ainda não cardíacas, mas em silêncio sobre um peito vazio que não é nada além de vestígios de sonhos do rei de outrora. E antes que a minha tumba eu chegue visitarei as sombras do tempo de minha infância, agora sem medo dos temores que antes me arrepiava a espinha, oh criança, se soubesse os tormentos que aguentou. Ainda assim antes de fechar os olhos a mente dita, flor rubra e escarlate, brilhe sobre o sol, que o verde de teus espinhos verta o sangue de minha carne enquanto em minha boca pinga o leite de teus seios, que no final do suspiro, eu parta em paz, pois a noite é um sol sem sombras.