Carta aos enclausurados
Tenho um recado a todos os enclausurados nesta crise. É simples e direto:
não saiam de casa.
Quem tiver o privilégio de ficar somente em casa, fique. É difícil apartar-nos de quem amamos. É difícil viver uma vida de isolamento. As oportunidades diminuem. Os conflitos se agravam. Contudo, não sejamos estúpidos e egoístas: toda vez que entramos em contato com outrem, corremos o risco de levar a peste para dentro do próprio lar.
Gostariam que seus entes queridos contraíssem a moléstia? Imagino que não. Lembrem-se da responsabilidade para com quem nos é importante. Sejamos menos egoístas. Nossa carência não é relevante. Nossa obtusidade é o mal do mundo. Ninguém se importa com nossos sentimentos. Ninguém dá a mínima. Mas podemos utilizá-los para proteger quem amamos.
Pensem nisso. Pensem nos corpos acumulados na porta de cada hospital. Pensem, por um segundo, que poderiam ser um de vocês... ou alguém que amam.
Imaginem a cena, na podridão da sua alma. Humilhem-se, ponham abaixo o orgulho. Vocês não são nada no mundo. Seres insignificantes que pensam somente no próprio umbigo.
Depurem-se de todo o lixo que existe dentro de si mesmos e, pelo menos uma vez na vida, tenham compaixão para com o próximo.
Evitem contato. Fiquem em casa.