Parasita
O beijo é sempre a entrada
Quando na boca ganha rumo, me toma as entranhas,
Sobrevive do meu sangue, do meu suor,
Sobrevive da carne, me rasga o peito e adentra,
Fica quietinho, quentinho, não se mexe,
Não reclama, não chora e nem se quer respira,
Faz morada, se alimenta, me come o amor, mas deixa um aviso,
Planta e rega saudade;
Na mente multiplica-se, projeta lembranças,
Guarda o que restou em caixas,
Empurra ao escuro, esconde-se;
Eu fico de cama, eu fico de quatro,
O corpo ferve, a carne queima, o rosto enrubesce, o estomago arde,
Mas você me quer viva, volta, faz carinho e me acalma,
Faz promessa, faz chamego, deixa o cheiro
E o corpo aguenta não padece
Me envolve em seus braços, me beija a boca
E a moléstia se repete.