Parasita

O beijo é sempre a entrada

Quando na boca ganha rumo, me toma as entranhas,

Sobrevive do meu sangue, do meu suor,

Sobrevive da carne, me rasga o peito e adentra,

Fica quietinho, quentinho, não se mexe,

Não reclama, não chora e nem se quer respira,

Faz morada, se alimenta, me come o amor, mas deixa um aviso,

Planta e rega saudade;

Na mente multiplica-se, projeta lembranças,

Guarda o que restou em caixas,

Empurra ao escuro, esconde-se;

Eu fico de cama, eu fico de quatro,

O corpo ferve, a carne queima, o rosto enrubesce, o estomago arde,

Mas você me quer viva, volta, faz carinho e me acalma,

Faz promessa, faz chamego, deixa o cheiro

E o corpo aguenta não padece

Me envolve em seus braços, me beija a boca

E a moléstia se repete.

Ravena de Gêmeos
Enviado por Ravena de Gêmeos em 29/04/2020
Código do texto: T6932072
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