Das sutilezas que não existiram
Não lhe escrevo sobre o amor porque não o reconheço mais. Escrevo-lhe sobre a sorte de encontrar você.
Não o conhecia, mas não te estranhei. Não me reconheci envolta tamanha incerteza e desejo. Uma mistura regada a sábias palavras que saíam de ti.
Meu corpo tremia não me dando oportunidade de disfarces.
Em meio ao silêncio que se fez presente, uma pergunta veio selar toda aquela inquietude:
“O que, de fato, acontece quando o assunto acaba?”
Um corpo em transe esperando um toque regado a uma sutileza que não existiu. Meu corpo em chama. Intimidade da carne esperando pudor algum.
“Vem”, tu chamas!
Você me olha, me puxa, me rasga, me diz obscenidades que me alcançam a alma. Tomas meu corpo frágil, colocando-o sob o teu; desnudo, negro, lindo... e então, me amas.
Quem era aquela que tremia?
Talvez uma parte de teus versos que ela mais preferia:
“Nos braços de Orfeu eu deixei de sentir medo e me entreguei”
E quem és tu?
O que me faz querer enganar-me ao aproximá-lo? O sinônimo de Platonismo?
Não sei!
Mas peço-lhe: Atenda ao meu suplício! Me tome, me morda, me ame nesta mesma cama. Cumpra a promessa de mais um dia.