Amor em meio à dor
Nos vemos durante o sono.
Por que então não tenta me contar o que tanto lhe causa dor?
O que fui pra você?
Que mal lhe causei?
Por que assopras palavras soltas aos meus ouvidos de dia, me aplicando até duras penas e, à noite, durante o sono, se esquivas de mim?
Eu o vejo. O reconheço. Sinto a dor que existe em ti, quem sabe, um dia, numa outra vida, causada por mim.
Você mantém-se longe, a espreita, talvez esperando a brecha perfeita para algo que não consigo distinguir.
Uso seu olhar como sinal de alerta.
Indecifrável. Indescritível. Carregado de um sentimento, um alento que é só seu.
Em sonho me aproximo de ti.
Sinto o teu espanto. Por quê?
O que queres de mim?
Eu o encontrei onde não deveria estar, mas ali você estava. No meu sono, bem na minha frente.
Faça isso ter algum sentido...
O que queres me dizer? Digas!
Eu me aproximo mais do que sinto que preciso.
Não é dita uma palavra e eu não leio seu olhar.
Por que não se aproximas?
O que fomos?
O que nos tornamos?
Não o conheço, mas reconheço a ternura do seu olhar e o medo de se aproximar.
Não é apenas um sonho. É vida em outra vida. Amor já vivido, reconhecido.
Que mal lhe causei?
Por que me ajudas de dia com tuas sutilezas sopradas aos meus ouvidos e tenta, à noite, algo me ensinar?
Eu não leio seu olhar.
Não consigo decifrá-lo.
Por que faz isso?
Sinto sua falta. Sei que sinto.
Mas falta de quê? Por quê?
Falta de algo que nem consigo imaginar.
Insisto em dizer-lhe:
Faça isso ter algum sentido!