Cartas de um Border 7

Belchior, em uma de suas músicas, diz: "Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro, ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro". Ser um border é chorar pra cachorro e sangrar demais praticamente todos os dias. É viver morrendo a cada minuto, e ter que renascer no minuto seguinte. Afinal, é frescura, é só ter "força de vontade" que passa. Quantos de nós não morremos a cada esquecimento, a cada abraço que não foi dado, a casa abandono, que, no nosso caso é bem frequente. Quem nos aguenta, né? Ou melhor, será que um dia alguém irá nos aguentar? Será que um dia os abandonos frequentes serão só lembranças do passado? Acho que não, a realidade é dura. Todos defendem os "transtornados" nas redes sociais, romantizam o borderline, a depressão, a ansiedade. Mas no final somos só nós. Porque ninguém nos aguenta, damos muito trabalho até pra nós mesmos, imagine pros outros. Se você é border e está lendo isso, saiba, no final é você, só você...