a carta
Não me consta, cara amiga, que a dor que tu sentes, seja a mesma da minha. Por ora, sinto minha dor na minha medida de suportá-la. Sofro em silêncio; em meditações que, às vezes, chagam a sufocar. Outrora, houve tempos, que ríamos com nossas desbaratadas incongruências. Não tínhamos tempo para discussão; queríamos o presente; éramos nosso presente. Ontem, penso, foi nossa última conversa. Saí feliz. Não brigamos. Coisas foram ditas e repetidas, mas, sem ofensa e condenação. Era isso que eu buscava. Era disso que eu precisava. Meu coração, acredite, sempre terá sua marca. Sou grato à vida por ter tidos esse privilégio. Se há algum pertence meu em sua casa, guarde como uma lembrança, porém, se não for lhe fazer bem, doe. Doe com o mesmo sorriso que muitas me recebeu. Saber disso, tenho certeza, quem o receber terá recebido junto, um pouco de nós. Assim é a vida.