Cartas de um Border 6

Numa noite fria típica do interior de Minas, ele pairava na varanda com seu cigarro aceso. "É simples, ninguém é obrigado a gostar, a amar, a ficar. Mas qual a dificuldade em se despedir?". Esse era o pensamento da vez. Responsabilidade afetiva. Mas será que as pessoas realmente se importam? "Eu que cobro demais ou eu será que minha geração ligou o foda-se? Sera que isso tudo não passa de um sintoma da minha doença? Ou será que estou certo em me preocupar com os sentimentos alheios? Mas se essa preocupação é certa, porque ninguém se preocupa com os meus sentimentos?". Ele chorava, e fumava, e bebia, e chorava mais. Esses questionamentos martelando com tal força em sua mente já fazia sua cabeça doer. Mas ele não parava de pensar, ele não parava de se preocupar. Talvez esse seja o erro dele, se preocupar muito com os sentimentos dos outros, enquanto não consegue entender os próprios. Mas o que fazer? "Beber, vamos beber!".