Simples, mas de coração

Dia normal de aula... Sigo para a escola, não sabendo a surpresa que meus alunos queridos, da quinta série, haviam reservado para mim.

Estava sendo aguardada com muita expectativa, creio eu. Mesa arrumada, copos, bolo e refrigerantes a postos, um buquê de flores colhidas no quintal, enrolado num papelão e laço de fita rosa para dá o toque final, foi entregue a mim com um gesto de ternura indecifrável - com certeza houve sorteio de quem iria entregar, afinal todos queriam ter uma parte na festa. Confesso que meus olhos marejaram, mas contive as lágrimas, apenas o coração chorou, chorou de pura emoção.

Hora dos parabéns. Cantaram todos afinados, num só ritmo e sintonia, os sons anunciavam mais um "parabéns pra você nesta data querida", a cadência era tão perfeita que eu tinha a impressão de que era o coraçãozinho de cada um que cantava, cantava com o pulsar forte e emocionado.

Os cartões... Ah! Foi praticamente outra festa na hora da entrega. - É preciso formar fila, dizia um; - Eu sou o primeiro, dizia outro quase se acotovelando com o amigo. E assim começaram o oferecimento. Todos radiantes por dar-me seus cartõezinhos, como se eles estivessem entregando um troféu.

Cada cartão tinha sua particularidade e sua história: uns amassados, pois fora aproveitado de outra ocasião, de outra data, pois se percebia pelo título: BOAS FESTAS (Natal), mas fiz de conta que as “boas festas” eram na verdade a minha festa, não a festa do Natal passado; Outro, vinha numa sacolinha tão amassada que mal dava pra ler o que estava escrito, mas neste dia ela estava reluzente, como se tivesse acabado de sair da prateleira, nova em folha; Outro em tom elegante, confeccionado à próprio punho, bem autêntico e mimoso. Ah...foram tantos! E a cada um que lia a emoção tomava conta. Foi lindo perceber a pureza dos seus gestos e dos seus sentimentos, os olhinhos brilhavam, parecia que eles é que eram os aniversariantes.

Estavam todos com missão cumprida, afinal tudo havia saído como eles esquematizaram. O orgulho transparecia no sorriso de cada um. O sonho, a tantos dias planejado, agora havia sido realizado com esmero.

Na despedida a certeza de que haviam dado o melhor de si para celebrar mais um ano de vida daquela que eles tão carinhosamente chamam de segunda mãe.

Muita agradecida pela festa. Festa onde não havia adornos requintados, mas havia sim o brilho de um mais puro requinte: A PRESENÇA DE CADA UM, não na caderneta, mas no meu coração.

Abraços, meus queridos, eu os amo e os tenho como meus filhos amados.

Professora Elian Maria Bantim Sousa