Solidão: amiga ou inimiga?

03.08.19 // 09h08 da manhã

Querido diário,

Hoje acordei e percebi que sou sozinha. Teoricamente, tenho família e pessoas do cotidiano, mas ontem quando estava trancando o portão pra ir dormir, ao fechar a porta me deparei com um silêncio assustador. Percebi que estou em total solidão. Tentei sentir algo, talvez formar uma opinião sobre isso, mas por mais que tentasse eu não conseguia. Me perguntei se a solidão seria amiga ou inimiga. Não obtive resposta e nem me importei em procura-la, apenas guardei a chave, desliguei as luzes, peguei meu achocolatado e sentei na mesinha do meu quarto para estudar.

Isso tudo é muito engraçado porque hoje pela manhã ao escrever essa carta percebi um detalhe interessante. Ontem, a solidão foi amiga, e não inimiga. Por que? Porque eu consegui fazer algo que há tempos não conseguia: estudar! e graças a solidão, que me trouxe um silêncio perfeito, eu consegui.

Porém, confesso que a solidão pode ser traiçoeira. Hoje é um novo dia, acordei, fiz minha higienização e voltei a observar que, embora acompanhada, estou sozinha. Me encontrei em desespero e em grande decepção. Pois ontem resolvi me abster-se das redes sociais para focar em outras áreas da minha vida. E agora vejo o quão superficial meu grupo social é, porque só tenho contato com meus amigos e alguns familiares através de um simples smartphone. Porém tirei algo bom disso tudo: a autossuficiência. Estou aprendendo da forma mais dolorosa que eu sempre serei a minha melhor companhia.

Natânia Vasconcellos
Enviado por Natânia Vasconcellos em 03/08/2019
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