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2. SINTONIA

Os pássaros cantam,

As folhas farfalham,

Como melodias de encanto,

Perdi-me em meio às eternas voltas nossas nos breves intervalos.

O vento bate violento em minha face, mas acho que estou fadada ao nada... Olhando essas nuvens, catalogadas no mesmo céu, tudo está em sintonia, não é mesmo? Os ares, os pássaros, as árvores, as flores... Mas eu, eu talvez, não me sinta assim, talvez tudo isso seja indiferente quanto a mim agora.

Às vezes costumo lembrar aquele tempo, sim, aquele nosso velho tempo, quando as coisas costumavam a fazer algum sentido, quando a tempestade era passageira, e eu tinha certeza, que você estaria lá... Mas agora você simplesmente não está... Por quê? As cordas do violam não fazem mais o mesmo som desde que você partiu, que você partiu de mim... De nós... As brisas são frias, os dias, são tristes, e nós, nós simplesmente deixamos de existir, o tempo correu rápido demais durante nove meses... Eu deveria ter dito “lute”, quando você me disse “fique”, mas o tudo o que eu fiz foi partir de você, e eu não posso culpa-lo, não posso me culpar, porque a final, éramos um, e agora, somos a metade de qualquer coisa que nos faça esquecer que um dia, fomos capazes de dominar o mundo, que um dia fomos capazes de ter sido tudo o que sonhamos para nós.

Mas, assim como pássaros batem em revoada ao nascer do dia, as nossas sintonias se foram e voaram para longe de nós... A nossa música chegou ao fim, e eu... Eu nem sei mais como toca-la, o seu timbre se confunde agora com as lembranças turvas de nós... Eu sinto muito... Foi inevitável, tanto para você quanto para mim... E por mais que eu tente dançar as mesmas melodias com você, nunca poderemos voltar atrás, porque cada momento nosso foi único, mas estávamos tão preocupados em não desafinar, que esquecemos que o principal de tudo não era a música, mas era a forma com nós dançávamos... E o que posso concluir de tudo isso é que...

Não tocamos mais a mesma sintonia...