Cartas de um Border 5

Era uma noite fria e solitária de segunda. Um silêncio ensurdecedor pairava a sala de estar. Com um copo de whisky de um lado e um cigarro aceso do outro ele encarava a navalha. Os cortes em seu braço fizeram uma pequena poça de sangue no chão. Era a primeira vez que ele se cortara, não sabia ao certo o que estava sentindo, mas queria não sentir mais. Era um misto de solidão e angústia, um vazio no peito que não o deixava dormir, ou comer, ou se socializar. "Será que estou mesmo sozinho ou é mais uma auto sabotagem?". Os pensamentos o consumiam de tal forma que ele não conseguia se controlar. Eram várias perguntas e nenhuma resposta. Houve uma época em que ele era rodeado de amigos, tudo mudou após a primeira tentativa de suicídio. Ele não entendia como os amigos podiam o abandonar no momento em que mais precisava. Se questionava todos os dias se tinha sido um bom amigo, aonde tinha errado, porque estava só. Enquanto ele não conseguia tais respostas ele se contentava com a bebida, com o cigarro, com a maconha, e agora, com a navalha.