Cartas de um Border 3

"As pessoas não se preocupam com você, elas são apenas curiosas tentando entender sua tristeza, sua desgraça!". Era essa a conclusão que ele chegara, talvez há uma certa verdade nesse pensamento, não sei. A noite fria e silenciosa o fazia pensar. Era o terceiro cigarro seguido. Fumava sem parar, um atrás do outro. Isso o acalmava, por ora. Ele queria parar, mas esse era o seu único prazer. "Fumar me aproxima da morte. É como se eu morresse aos poucos, a cada tragada.", ele repetia isso para si mesmo. O que não deixava de ser verdade, todos sabemos. Seria isso uma forma indireta de suicídio? Não sei, na verdade nem ele sabia. Ele só queria sentir prazer em algo. Afinal, todos nós temos vícios né? E todo vício nos leva a morte, isso é fato. Alguns fumam, outros cheiram, outros vão mais longe e ousam se apaixonar. Cada um desejando indiretamente a morte, mesmo sem perceber. Ele não enxergava mais vida em nada, talvez eu também não enxergue, mas tento achar formas diferentes de me matar. Eu escrevo. Ele não tinha facilidade para artes, literatura, música, enfim, nada. Ele apenas pensava. "Essa é minha arte. Colocar minha mente para trabalhar em prol das minhas loucuras internas.". Ninguém o entendia, mas ele também não fazia questão de ser entendido. Por quê? Bem, como ele sempre diz, ele está só, e pessoas solitárias não precisam ser entendidas pelos outros, apenas por si próprio.