Cartas de Um Border 1

E ele olhava pela janela, a noite o fascinava, era escura, fria e estrelada. Era a sua segunda maior paixão. A primeira? Bem, esse era um assunto delicado no qual ele pensava todas as noites, sem exceção. Ele parava na janela, acendia um único cigarro e olhava para as estrelas, o silêncio dominava o ambiente, e ele gostava disso, ele refletia melhor. A cada trago no cigarro um pensamento vinha e o tomava por completo. Os olhos lacrimejavam a cada reflexão. Mas não conseguia enxergar um sentido plausível para toda aquela sensação que o dominava. Era um misto de solidão, amor platônico e talvez até uma pitada de loucura. Ele amava de longe, escondido e preferia assim. Afinal, quem iria entender todo aquele sentimento inexplicável, cujo objeto de desejo estava distante, bem distante. Viver com a possibilidade de algo era melhor do que viver com a certeza de um não, era assim que ele pensava. Ele vivia por aquele sentimento que talvez nunca iria existir para além de sua mente. Ele estava certo disso, porque no fim ele está só. Era ele, só ele.