À minha mãe: Sobre pensar e estudar no Brasil.
É manhã, e em todas as manhãs o sol se enche de um laranja imediatamente carismático e revolucionário, pois no galo que anuncia a aurora enxergamos o horizonte surgindo. Quando surge um caminho, decisões revolucionárias acontecem. Ora, não devia acontecer? Nasce assim, pois, o guerrilheiro dos sonhos; aquele que destrói as barreiras do ódio e do ati-progressismo. Nasceu assim minha manhã, inspirada na sensação de ir a Universidade, de estudar humanidades e de ignorar a repugnância vazia, fula e tosca de um governante semi-humano. Será assim, pois, a revolução. Figuração efetiva, elencada na perspectiva do sonho de Hamlet e o seu novo reino… Nós, figuras humanas resplandecentes da cultura hegemônica, interrompem-nos!, pois, caros, não existe espaço ou tempo para quem ama. O amante nada mais é que a existência imanente de um deus transcendental: bom, lindo, gordo e satisfeito! Não falta cerveja em sua mesa! Não falta carinho em seu colo! Não falta ódio e indignação em sua face moída e dissimulada! Deus, caracterização de Capitu à visão degenerada, enciumada e frustrada de Bentinho. Deus, o oblíquo e o insensato anti-moralista e irresponsavelmente anti-republicano! Mas esperem… lá vem ela, silenciosa, abstrata, relativamente clara e gloriosamente pretensiosa. Mãe, minha mãe, respira por mim, dai-me o sonho de viver tua vida na proteção que tua alma me passar silenciosamente e irrestritamente. Pois mãe, a Aurora é como um galo anunciador do novo. E o nome me treme as pernas como um pseudo conservador nojento e cálido. Não me separe das ilusões de manutenção e capacitação, porque sou um covarde e tenho pernas de pavão, olhos de gavião e medo, como um humano atrasado e categoricamente enrustido. Lá vem, mãe, ele, prisioneiro de si e da caverna, lá vem ele enrustir minha vida com sua vaidade esquizofrênica e suas sentenças estupidamente esquisitas e sinistras.
Do seu pequeno, eu a amo.
Brasil, 1964-2019.