CARTA A UM FILHO

CARTA A UM FILHO

Meu filho, já que resolveste sair de casa, não fracasse quando lhe sobrevier dificuldades, estas virão, mas quando lhe parecer difícil alguma coisa, não se aflija, tenha calma, pense e diga, eu vencerei, enfrentando de cabeça erguida. Meu filho, não use violência, procure manter-se em calma, pois a violência é arma que recua, e fere sempre quem a emprega. Nas casas alheias não se deve fazer de mandador, para não receber título de mandador ou intrometido.

Olha para os companheiros, que te acompanharão e verás se são pessoas dignas de confiança. Amigo é difícil, mas aproveitadores não faltam. Lembra-te que deve ajudar a um necessitado e não alimentar um vicioso.

Meu filho, por muitas vezes eu já lhe disse: que o homem precisa amar o trabalho, buscar a economia, praticar a verdade e viver em ordem, sem estas quatro coisas, ninguém é livre. Meu filho, nesta fase de adolescência (adulto), o jovem pode sentir revolta quando as coisas não são sempre como se deseja, mas nisto é que deve haver prudência e verificar, qual a forma melhor para se obter o que queremos, as coisas nem sempre vem com facilidade. Olha que a vida tem dois caminhos: num tem flores e no outro espinho. Este que parece flores é o caminho da vaidade, dos prazeres, que leva para o mal. O dos espinhos é o caminho da vida, que se vive a tropeçar, em todo tipo de dificuldades, mas lembra-te que o trabalho é amargo, mas os frutos são doces como o favo do mel. Nesta luta pela vida vence sempre o mais forte. A fortaleza não é considerada em quem pega o outro e domina isto é considerado fraqueza humana. O forte aqui é quem não esmorece mediante as barreiras que nos espera, quando te sobrevierem dificuldades, desânimo, pega esta carta e leia com atenção. Leia uma, duas, três vezes ou mais se for preciso, medita nas palavras que estão escritas e enfrenta seguindo o ritmo, vencerás.

Termino pedindo que Deus te acompanhe.

Assina um pai preocupado.

Data: 11 de outubro de 1971.

Obs: Esta carta escrita por meu pai, um homem simples, semi-analfabeto, escreveu quando um dos seus filhos resolveu sair de casa para enfrentar a vida lá fora. (Essa era a atitude de muitos jovens, a muito anos quando muitos deles iam para São Paulo, foi o que aconteceu com muitos nordestinos). Ele não foi diferente, mas meu pai como homem que sempre procurou ajudar os filhos, foi essa a maneira que ele encontrou para dirigir-lhe um conselho, já que muitas vezes falar pessoalmente era muito difícil pela falta de diálogo que existia. Para mim estas palavras são dignas de muita consideração, por ele ser uma pessoa simples e sem muito estudo.

Luiza Oliveira
Enviado por Luiza Oliveira em 18/07/2018
Reeditado em 18/07/2018
Código do texto: T6393474
Classificação de conteúdo: seguro