Caixa acrílica

Nunca achei que seria assim... uma dor inexplicável, que sai de dentro e irradia tudo por onde passa. Uma tristeza que não tem como descrever.

Quando minha mãe falava que nada é pior que mexer com seus filhos, não imaginava que era a esse sentimento que ela se referia.

Passar por todos os traumas de um parto cesárea e sair do hospital de braços vazios, deixando seu pequenino em uma caixa acrílica de UTI Neo, é um sentimento que não se explica! Dói na alma, dói no útero vazio que não tem mais vida... dói em todos os sentido. Um coração que se dilacera.

Não posso amamentar, não posso pegar meu filho nos braços, só me resta mendigar um pouco de qualquer coisa pelas paredes frias daquela caixa de acrílico.

As pessoas pedem força, mas de onde tirá-la? Meu corpo está ferido, meu coração em frangalhos, minha alma, diríamos, sem rumo. Só me resta a caixa acrílica...

KAMILLA BORGES
Enviado por KAMILLA BORGES em 05/03/2018
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