Carta suicida
Hoje estou matando
Todos os fracassos , as frustrações, as expectativas falidas...
Todos os sonhos perdidos, as derrotas, as lágrimas doídas
Hoje, enterro toda a incapacidade, a insegurança, o medo, as incertezas e as dores da alma
Corto os pulsos fracos da autopiedade, da imobilidade e da covardia
Enforco toda a procrastinação, até que me decepe a cabeça indecisa e acomodada
Atiro impiedosamente no coração da dependência, da necessidade de aceitação e do orgulho reprimido
Engulo todos os remédios e sufoco no meu próprio vômito ao que me entorpece e ludibria, enganando-me sobre a realidade
Salto do penhasco mais alto da intolerância, e da soberba que me torna ignorante
Afogo-me na banheira velada da decepção
E sufoco com a fumaça da garagem de onde nunca saí
Assim me liberto desse eu, tão insignificante, que não produziu nada além de dor