Mira no Tiririca
Querida amiga Helena, sei que você vai estranhar minha carta, e pensar, porque não me disse pessoalmente, já que nos vemos quase que diariamente. Eu respondo que sou uma saudosista das cartas, quando as pessoas eram mais sinceras, talvez porque fosse exatamente por meio da carta que nos falávamos mais; no e-mail, somos lacônicos, breves, e, mais breves ainda se for pessoalmente. Cadê o tempo, este que certamente te faltará pra ler até o fim essas minhas reflexões.
Helena, estou ciente de que não comungamos dos mesmos posicionamentos políticos, quem sabe divergimos também em relação a outros assuntos, não tenho uma resposta exata quanto a isso, mas enquanto eu fui contra o golpe por um motivo apenas: o respeito ao voto, você defendia o cidadão, esse, aquele independente de gênero, (partidos partidos, ou seja, retalhados, fatiados) generalizava tudo. Mas foi um golpe sim, trocamos seis, não por meia dúzia, mas por seis vezes seis de larápios, pulhas, indivíduos ávidos por extinguir o pobre da nação, e estamos no meio tentando fazê-los entender que pobre é diferente de pobreza, esta é maligna, depende de alguém querê-la e se esforçar para produzi-la em quantidade incalculáveis, aquela é fatalidade.
Concluindo, Helena, eu não sou de direita ou esquerda, não importa o lado, estou percebendo que ELES dançam o salão inteiro, costumam frequentar o meio, como proporcionalmente somos desiguais, nós pobres mortais não tiramos o pé do chão, nem a mão da massa, temos que pagar a conta, lembra? Diferente deles que alçam voos caríssimos, e nessa dança, inventaram uma aérea. Viu nosso querido “palhaço” Tiririca: passarinho que acompanha morcego amanhece de cabeça para baixo. Que pena!