Carta à Helena
Querida e amada Helena.
Hoje escrevo-te esta carta. Escrevo-te hoje, única e exclusivamente, porque novamente por ti chorei. Chorei a dor de tua partida. Dor tão doída que sequer me fez a possibilidade de resistir. Eu desisto, outra e mais uma vez, desisto.
Sabe-se lá Deus o que fez causa a tua morte, ainda que não tenhas morrido biologicamente. Você morreu em mim e para mim. Assim é melhor, não acha?
Você é meu homem, disse-me, o homem de minha vida. Hoje me tirou qualquer possibilidade de ser homem ou mesmo de ter vida.
Ver-te partindo trouxe-me tantas dores. Quanta insegurança morou no adeus que sequer dei? E eu, que sempre amei teu nome; eu, que sempre amei teu riso; eu, que amei teu corpo e dele fiz meu templo; eu, que ao ser seu - e somente seu -, me senti tão eu mesmo; eu, hoje, também tenho morrido aos poucos ao ver o quanto de você já não vive em mim.
A falta que me fazes é tamanha que, nem mesmo quando abro os olhos pra beleza de outras damas, deixo de querer-te.
Meu luto, que tem se arrastado por tanto tempo, ainda não tem previsão de término, e mesmo que eu clame pela impossibilidade de senti-la, não deixa-me um único instante.
Espero que um dia perceba que eu fui o amor da tua vida; que jamais alguém te amará com eu pude e soube fazê-lo. Espero, ainda, que, quando percebê-lo, não seja tarde. E que saibas que tu és a minha causa maior de felicidade, por cada momento que vivemos, e minha maior e mais intensa causa de dor, pelos momentos que me privou de viver.