Samadhi, o reino de Deus Interno

Ainda aos 12 anos de idade, criado em família tradicional cristã, surgia-me forte inquietação a respeito de quem era Deus e o objetivo da existência aqui na terra. Apesar de tão jovem e relativamente ainda uma criança, enquanto meus colegas da mesma idade preocupavam-se com coisas de nossa idade eu já iniciava meu longo caminho espiritual e me afundava desde então em um oceano de questionamentos existenciais. Logo comecei a sentir-me só no meio social religioso que convivia, porque eles estavam “satisfeitos “com as respostas prontas dadas a eles, mas eu definitivamente não.

De origem Cristã, iniciei minha busca espiritual com uma série de estudos pessoais sobre aquilo que tinha acesso como sendo sagrado até então, A bíblia. Aos 17 anos conheci uma linhagem do budismo japonês e a partir de então as religiões orientais passaram a ter forte influência em meus estudos.

Desde então conheci e pratiquei diversas religiões orientais e estudei profundamente cada uma delas, não somente intelectualmente mas testar todas as práticas religiosas como meditações, mantras, projeções, cantos e uma série de rituais religiosos.

Inquietava-me o fato que todos os livros sagrados que tive acesso ( Biblia, bagavadguitá, centenas de sutras budistas, sadhanas, textos clássicos taoistas,etc) bem como todas as práticas religiosas tentavam levar os adeptos a algum estado mental diferente mas que em essência era o mesmo estado. Apesar de externamente as religiões parecerem muito diferentes devido as heranças culturais de cada uma, havia uma voz única que soava incessantemente por traz de todas aquelas filosofias e práticas religiosas.

Que estado interior era esse que todas essas religiões queriam levar a humanidade? Nessa altura apesar de ter absolvido muito conhecimento era impossível acessar o absoluto com a mente comum, então de certa forma ainda sentia-me perdido em meio e tantas informações.

Foi então em uma noite, antes de fazer minha prática de meditação da noite, com a mente ainda cheia de dúvidas e inquietações, ergui a voz ao absoluto e pedi para que me trouxesse algo de diferente, queria resposta e estava cansado de tantas filosofias e práticas que não me levaram a lugar algum.

Sentei-me em meditação e achei que seria mais uma das inúmeras vezes que me sentava. Mas naquela noite algo foi diferente. Em nosso pensamento comum, achamos que para ter as respostas que almejamos, iremos acessar um ser divino, alguém lá no espaço que nos socorrerá e responderá todos os nosso pergaminhos de perguntas, e que sairemos de lá com todas bem anotadas e ai então nos sentiremos satisfeitos.

Porém quando as portas do absoluto se abrem ao invés de surgirem respostas para nossos questionamentos sâo as perguntas que desaparecem completamente. Quando todas as perguntas desaparecem o silêncio absoluto é a resposta para todas elas. Incrivelmente nesse estado você não tem o desejo de fazer perguntas, até porque todas elas sumiram e tudo é perfeito como é.

É um estado de plena felicidade e regozijo sem fim. O prazer do orgasmo é um grão de areia no deserto comparado com a imensa plenitude e regozijo que é esse estado. Você se torna o absoluto, sem corpo, sem mente, despido dos cinco sentidos, nâo há uma personalidade, você é um com todas as coisas.

Essa personalidade que conhecemos como um ëu”nâo existe e tudo o que existe é o absoluto. Qualquer palavra para descrever esse estado seria inútil pois na realidade esse estado é indescritível, não é algo que se entende, mas que se acessa. Algumas religiões chamam de samadhi, satori, vazio iluminador, reino de Deus, mas a realidade é que não tem nome.

Apesar de nesse estado nâo haver pensamentos , você também tem consciência que aqui existem milhares de seres vivos ainda vivendo em grande desespero, atordoados pela sua própria mente que os impedem de acessar esse estado que deveria ser algo natural a todos.

Então surge uma imensa compaixão. Porque “você” (digo esse você entre aspas pois nesse estado nâo existe uma personalidade mas preciso tentar descrever em palavras) por um lado está pleno, se torna o absoluto, é uma realização inigualável, nâo necessita mais de corpo e a morte se tornou uma absolutamente uma grande piada.

Por outro lado você precisa retornar para gritar para a humanidade: HÁ UMA SAÍDA. VOCÊS PRECISAM ACESSAR ESSE ESTADO O QUANTO ANTES! Todos os sutras, livros sagrados sâo compreendidos nesse acesso, nâo porque alguém explicou, mas você entende que os seres iluminados que escreveram tentavam descrever esse estado através desses textos, mas como é impossível descrever, grande confusão foi feita pelos homens com suas religiões e suas inadequadas interpretações.

Quando você retorna desse estado só um pensamento fica em sua mente: As pessoas precisam saber que há um caminho, há uma porta, há um acesso dentro delas mesmas para esse estado e eu trabalharei incessantemente para fazer com que elas acessem esse mesmo estado e por mais que demore milhões de anos de trabalho eu jamais cessarei de tentar.
Christian Maynard
Enviado por Christian Maynard em 24/09/2017
Reeditado em 24/09/2017
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