De Chechel a Mimi

Querida,

Com pouco, hás de reconhecer, vou cativando a nação - como fizeste ao longo de toda a tua atividade à frente do executivo: vou empoderando ministros e as minorias. Ontem ainda dei posse ao sempre Franco, ao DesImbassahy e à Valois. Vê bem a preciosidade dessas novas nomeações, que além de lhes assegurar foro privilegiado para o exercício de seus mandatos faz-me aproximar, mais em qualidade e número, de teu corpo ministerial.

E fui prestar meu gesto de solidariedade ao companheiro Inácio, nesta hora tão dorida. Se houve algum desconforto à chegada o Sírio, credite isso ao Reunan e ao Sartey, que, infelizmente, andam com a popularidade, e a capilaridade, em baixa. Mas já pedi ao amigo Donald para mandar essa preciosa e miraculosa receita. Até Serrinha e Xandinho se mostraram interessados.

Acho que Batista e Cabral - penso eu - têm agora a oportunidade de retomar a aliança que andava um tanto frouxa. Os laços que os uniram desde os primórdios na condução dos altos interesses governativos do Rio são testemunho cabal do bem que fazem as parcerias público-privadas.

Sobre a cerimônia de posse de Trump bem sabes como eu gostaria de me pontificar neste momento em que o mundo tanto precisa de líderes afirmativos, coerentes e de grande respeitabilidade. Contudo, eventos intestinos, que ameaçavam ruir o tecidos da nação, reclamavam minha presença cada vez mais vigilante e atuante para apagar incêndios e reduzir, drasticamente, dispêndios. Já lidei com bandidos, e não temo as ameaças das facções. Estou cogitando - pagando os direitos autorais, é claro - desenvolver o conceito protetivo de Trump, e erigir muros em torno das penitenciárias. Não teríamos mais o desgosto de ver barbáries sendo cometidas, e transmitidas a olho-nu.

Estou, agora, empenhado em preencher a vaga do Supremo. Temos, naturalmente muitos bons candidatos, o que ao mesmo tempo facilita, e dificulta a escolha. Mas qualquer que for o nome, estaremos bem servidos.

Muito boa a tua sugestão de aventar o nome da constitucionalista Janaína.

Meu temor, entretanto, é justamente o fato de ser assaz jovem, ainda, e, perdoa-me aqui a franqueza - que nada tem com fraqueza - mas sim, o fato de ser tua amiga tão próxima. Uma escolha dessas poderia dar azo a críticas e uma certa ciumeira naquela Corte que premia, com justeza, a virtude do equiíbrio e da senectude.

Por outro lado, o nome do Missionário RR Só Ares, que me parece também bom e imparcial, poderia suscitar reação adversa na CNBB e, por tabela junto ao amigo Chico, a quem não admito, em hipótese alguma, contrariar.

Tenho muito apreço pelo Gandrinha, como aliás, tem-no todo cidadão brasileiro afeito aos princípios da honestidade, da imparcialidade e da equanimidade. Pesa contra sua candidatura, todavia, o fato de que seu professado e proclamado celibato o deixe desconfortável perante suas aliciantes pares na mais alta Corte e, como sabes, sob a toga, muita coisa se interroga, além do interesse que se joga. Que te parece?

Isso posto, continuo a crer, e dizer, que estou sempre pronto para quando quiseres de volta as rédeas da nação. Nunca nutri, senão o senso do dever, interesse por cargos ou pela liturgia institucional que os engloba. O que quero, confesso-te, é retomar a pena e voltar a cuidar de minha vida literária, além de poder cuidar, sans soucis, de meu jardim doméstico, composto de Chela e de Michelzim.

Bises, comme d'habitude, de ton inoubliable Chechel