O que não seria, se fosse...
Como eu queria que tudo o que deixasse de ser, jamais fosse!... Como
eu queria simplesmente esquecer o que ainda existe, tão somente em
mim, sem acumular essa carga destrutiva, corroendo meu pensamento,
elaborando dias que as noites nunca comportam... como eu queria, por
um momento apenas, não cultivar essas frustrações que denigrem as
lembranças e incitam o rancor.
Parece que o tempo, hoje, é outro, numa época que eu jamais viveria.
Espaços habitados por estranhos, ecos de solidões tantas retumbando,
ensurdecendo o meu silêncio, na intimidade de minha vida exposta. No
âmbito de tantos desprazeres, nenhuma saudade que amenize, nenhum
despertar que encene o novo dia, nenhum acontecimento que faça a
vida andar. Apenas essa sombra do desamor.