Conte uma história para mim
E se tivesse havido um abraço do alto dos meus saltos brancos?
Teria tido eu, na sequência, poesia ou tempestade?
Se na continuidade da tarde amarela eu fizesse presença no dia de forma menos etérea...
Seria bem-vinda ou origem de tormentas?
E se, apenas se, na estrada por onde eu caminhava sozinha, houvesse tido companhia...
Haveria construção, decisão, batalha e alegria?
Se na noite de lua, fogo e vapores amarelos de vestidos eu houvesse ousado o beijo, o cheiro e o sorriso...
Teria eu dados pulos de felicidade no dia seguinte ou seria apenas uma justificativa vazia em tardes tediosas onde os costumes rançosos tinham tanto poder?
Temor e constatação em tantos dias.
Fiz opções de cabelos ao vento, braços e palavras soltas e livres.
Preferi as horas insones e os milhões de poemas à dúvida.
As regras, tão suas, daquele mundo que me recusava a olhar eram tão tolas quanto o final que inevitavelmente geraram.
E enfim o príncipe, o rei e o poeta.
O fazedor de luz nos sorrisos fugazes.
O bardo, o ladrão e a promessa.
A presença bendita na esperança, mas maldita na ausência.
O ponto de intercessão entre o abismo e o que poderia ser.
O divisor de universos...
Ficou amarrado nas próprias leis, lutando nos mares profundos de perguntas e nas luas que silenciosamente guardavam todas as respostas.
E se, apenas se, eu houvesse desistido de brincar de ser guerreira?
Teriam os deuses do vento nos conduzido para as mesmas paragens?
Ou estaríamos apenas perdidos, retalhados, confusos e privados do raro amor?