Desencontro

Perdi-me.

Nessa imensidão tão grande e tão pequena de mundo encontro-me perdida.

Escrevia contos, escrevia poesias e agora escrevo cartas poéticas com alguma coisa para contar sobre como estou desencontrada.

Me desencontro nos abismos que me encontro e ainda insisto em estar, me desencontro em meus problemas e nos túneis da minha mente, que continuam escuros, perigosos e sufocantes.

Perdi-me nas letras, que antes eram amigas, companheiras, e que viraram inimigas, violentas e que agora são apenas... Palavras. Insignificantes, talvez. Ecoadas, talvez. Desesperadas, talvez. Ou possivelmente.

Perdi-me em minhas companhias. Perdi-me em minha voz. Perdi-me em meu jeito, mas sempre me perco nele. Perdi-me em minhas ações.

Estou perdida e em um ecoante vazio. Sempre estive perdida, mas isso cada vez mais dói.

Estou perdida. Eu sou perdida. Eu sou uma perdedora que insiste em lutar contra tudo, que insiste em buscar luz, que insiste querer ser quem não é, ter o que não tem e em parar de ter medo e não conseguir.

Flechas e lâminas me trespassam a cada instante e me debilitam cada vez mais; machuca, paralisa, alimenta medos. Roubam meu sono, minha disposição e minha fraca luz. Jogam-me para onde eu me perca, onde eu perca.

Perdi minha voz. Perdi minhas palavras. Perdi o pouco que me restava.

E não consigo mais recuperar.