ABANDONADO
Guarulhos, 09 de maio de 1993.
Diante de vocês me encontro numa situação muito difícil. Não que eu deva, mas que de fato vocês me devem muitas explicações.
Hora me pedem para não remexer no passado, porque é melhor para mim e para todos. Se assim é, para mim só pode ser pior, pois até agora não encontrei a verdade em ninguém. Deveras todos me escondem algo; por que?
Sinto toques de falsidade, escusas, mentiras ou meias verdades. De fato, onde está a verdade das coisas? Por que me negam a palavra, a oportunidade, a verdade, por que me escondem o que também é do meu interesse? O que há para esconder?
Dizem que estão atarefados. Eu digo que estou à toa e disposto a ajudar, quero fazer muito mais do que cooperar.
Se não há o que esconder nem o que temer, por que não me escolhem. Vocês mesmos dizem ter eu muitos talentos. Por que não os aproveitam todos? Cooperar para mim é pouco e é fácil demais. E isso para você é difícil.
Ao meu entender certos rumos que estão tomando são indevidos, são desnecessários e, por causa das omissões, são duvidosas e negligentes.
Por que o espírito de política enriqueceu os vossos corações? Vocês guardam certos detalhes como coisas muito mais importantes que a própria verdade. Onde está o vosso testemunho? Onde está Deus nisso? Há alguém com moral para me responder? Será preciso que eu apele mais?
Por que nos meus piores momentos fui abandonado?
O que será que tão de errado eu fiz contra vocês para merecer sempre esse vosso desamparo?
A tristeza tem sido minha companheira nesses últimos tempos.
Tenho sido assolado por pressões e torturas, tenho sido afogado numa intensa mágoa e não consigo sair dessa opressão e declínio emocional.
Posso passar o dia inteiro alegre enquanto estou fora de casa, mas ao entrar...