Azuis Profundos
Inquietação.
Águas antigas de um azul profundo que de tempos em tempos acenam.
Perguntas tão velhas quanto o mundo.
Dúvidas maiores ainda.
Não há contentamento nas fórmulas feitas.
Nem no seu deus construído em livros e templos.
Às vezes a lucidez atrapalha tanto que há até um flerte com a imbecilidade.
Quem sabe um descanso desta rede de coisas tolas.
Talvez o melhor fosse o esquecimento, um entorpecimento, a embriaguez diária que a tudo sorve e cega.
Um lampejo de silêncio e paz na mais perfeita e pura alienação...
Mas há espíritos e espíritos.
Alguns seguem vivendo e morrendo na mecânica da ignorância.
Outros querem mais, querem intensamente, querem para sempre.
Há tanta beleza e tanta desgraça na força que move tais almas...
Ora enxergam o mundo com toda a magnitude e divindade que encerra
Em outras, pairam sobre a terra amargando a mais profunda solidão.
Muitas vezes amam tão generosamente a tudo e a todos que sentem o corpo pequeno
Em outros tantos momentos não conseguem sequer falar sobre este amor.
Almas profundas, vidas de tribulação.
Busca constante... Eis o preço...
Mônada guerreira, quanta dor a acompanha?
A paga por tanta clareza nem sempre traz a tão esperada recompensa.
Na maioria das vezes, traz apenas uma terrível sensação de impotência.
Mesmo assim, sempre foi (e sempre será) a mais perfeita opção.